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Fotos enviadas por robô Philae dão pistas sobre superfície do cometa

17 de novembro de 2014

Em entrevista a uma emissora alemã, diretor da ESA afirma que imagens são "fantásticas" e parecem "corais no fundo do mar". Dispositivo pousou numa superfície dura, com poucos centímetros de poeira.

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Primeira imagem da superfície do cometa enviada pelo PhilaeFoto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA

Uma primeira avaliação dos dados enviados pelo robô Philae revelou pistas sobre a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, afirmaram cientistas europeus nesta segunda-feira (17/11). A análise de todas as informações coletadas pelo módulo espacial poderá ajudar a entender melhor a composição desse tipo de corpo celeste.

"Agora sabemos que, sobre a superfície dura em que o Philae quicou, havia apenas entre dez e 12 centímetros de poeira", disse Paolo Ferri, diretor de operações da Agência Espacial Europeia (ESA).

Em entrevista à emissora de rádio alemã HR-Info, Ferri afirmou que, antes de ficar sem bateria, no fim de semana, o módulo espacial conseguiu não apenas enviar uma grande quantidade de dados, mas também tirar várias fotografias, que revelam detalhes do cometa.

"As fotografias que vimos não foram publicadas ainda, mas são fantásticas. Vi imagens que parecem corais no fundo mar, estruturas incríveis", disse. Antes do pouso histórico na última quarta-feira, os cientistas não tinham informações exatas sobre a composição do corpo celeste.

Além disso, os cientistas constataram que a superfície do cometa é mais dura do que se pensava. "A solidez da camada de gelo sob a cama de poeira no primeiro local de pouso é surpreendentemente", disse Klaus Seidensticker, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR).

Na última sexta-feira, o Philae perfurou 25 centímetros do cometa para recolher uma amostra para análise. Mas, apesar de se aplicar uma potência cada vez mais aumentada, o martelo não conseguiu se aprofundar muito, segundo a DLR.

A amostra pode ser considerada uma cápsula do tempo. O material abaixo da superfície do cometa permaneceu inalterado por 4,5 bilhões de anos e pode ajudar a desvendar mistérios sobre a origem do sistema solar. O material pode ajudar a confirmar que cometas trouxeram matéria orgânica e água à Terra.

Missão Rosetta

O Philae é o primeiro módulo espacial a pousar na superfície de um cometa. O robô, que é do tamanho de uma máquina de lavar roupa, teve problemas com o sistema de fixação e não consegui se ancorar na região prevista para o pouso.

Devido à falha, ele quicou três vezes sobre a superfície e fixou-se na borda de uma cratera, em local mais escuro do que o planejado, dificultando a recepção de energia solar para recarregar a bateria. Na última sexta-feira, os cientistas realizaram uma série de manobras para tentar tirar o módulo da sombra. Ele foi levantado quatro centímetros e rodado cerca de 35 graus.

Apesar da falha, os cientistas se mostraram muito satisfeitos com as informações recebidas. "Coletamos muitos dados preciosos, que só podem ser obtidos em contato direto com um cometa", ressalta Ekkehard Kührt, pesquisador do DLR.

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko – de quatro quilômetros e composto de gelo, gases e poeira – viaja em direção ao Sol e atualmente se encontra a cerca de 500 milhões de quilômetros da Terra. Em agosto de 2015, ele deve passar pelo ponto mais próximo da estrela central do sistema solar. A missão Rosetta, que teve início em 2004, deve durar até dezembro do ano que vem.

A sonda Rosetta e o robô Philae viajaram mais de 6 bilhões de quilômetros percorrendo o sistema solar antes de entrar na órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em agosto deste ano. Antes disso, a sonda já havia orbitado na Terra e em Marte e usou a força gravitacional dos planetas para alcançar o cometa.

Ela também entrou em período de hibernação de 31 meses, assim que a luz solar ficou fraca para que fosse produzida energia suficiente para seu funcionamento. Em janeiro deste ano, ela alcançou novamente a luz do Sol e foi despertada do seu período de hibernação.

CN/afp/ap/dw