"Foi um dia difícil para a CDU", diz Merkel após eleições
14 de março de 2016Após perdas significativas sofridas pela União Democrata Cristã (CDU) em eleições estaduais, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, avaliou nesta segunda-feira (14/03) negativamente o resultado do chamado "Superdomingo".
"É preciso dizer que ontem foi um dia difícil para a CDU", afirmou Merkel, que também é a presidente do partido. "Não vejo isso [o resultado] como um problema existencial da CDU, mas vejo isso como um problema", acrescentou.
A chanceler federal afirmou que as eleições foram marcadas pela política para os refugiados. Com uma posição antimigratória, a legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) foi a grande vencedora da noite, conquistando postos em todos os três parlamentos estaduais em que houve votações neste domingo – Sachsen-Anhalt, Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado.
Já o partido de Merkel, sofreu perdas significativas em relação aos pleitos anteriores, de 2011. No geral, o Partido Verde conquistou mais votos neste "Superdomingo, 30,3%. A CDU apareceu em segundo lugar, com 27% dos votos – 12 pontos percentuais a menos que em 2011. A AfD surgiu como terceira maior força, com 15,1% dos votos.
A chanceler federal reconheceu a importância do diálogo com a AfD. "Todos concordam que é preciso lidar com a AfD com argumentos", disse, acrescentando que o fortalecimento da legenda é uma expressão de protesto, também tendo em vista o aumento do número de refugiados.
Na avaliação de Merkel, embora haja muitos avanços com relação ao tema, para muitos, o problema "ainda não teria sido conduzido a uma solução satisfatória". Para a chanceler federal, nesse contexto há preocupações relacionadas ao islã. Além disso, haveria insegurança devido a "mudanças em muitas estruturas estabelecidas" no país, acrescentou.
Postura firme
Apesar de reconhecer a insatisfação popular, Merkel manteve-se firme em relação ao atual curso da política de refugiados do governo federal. "Em princípio, continuarei fazendo o que fiz nos últimos meses", disse a líder alemã, que defende um sistema de cotas para a distribuição de refugiados pelos países do bloco.
"Continuo convencida de que precisamos de uma solução europeia", ressaltou Merkel. Ela reconheceu que o número de refugiados que chegam à Alemanha diminuiu graças ao fechamento da fronteiras e à adoção de cotas diárias em diversos países ao longo da rota dos Bálcãs. Merkel ressaltou, no entanto, que tais medidas não são uma solução sustentável e lembrou a situação na Grécia. O fechamento da rota dos Bálcãs provocou um caos no território grego, onde milhares de pessoas estão retidas.
CN/afp/rtr/dpa