Fiocruz deve entregar vacina de Oxford em fevereiro
22 de dezembro de 2020As primeiras doses da vacina da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, finalizadas no Brasil, estarão disponíveis na semana do dia 8 de fevereiro. Nesta terça-feira (22/12), em audiência pública na Câmara dos Deputados, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, disse que, pelo calendário programado, serão entregues 1 milhão de doses entre 8 e 12 de fevereiro e mais 1 milhão de doses na semana seguinte. A partir da terceira semana, de 22 a 26 de fevereiro, serão 700 mil doses diárias da vacina, totalizando 3,5 milhões de doses por semana.
A programação, no entanto, dependerá do registro dos imunizantes pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O anúncio é bem diferente da previsão feita pelo ministro da Saúde Eduardo Pazuello na semana passada, que falava na entrega de 15 milhões de doses da vacina de Oxford já em janeiro.
Não é a primeira vez que previsões de Pazuello se chocam com o cronograma de laboratórios. Recentemente, ele afirmou que o país poderia começar a aplicar a vacina da Pfizer-BioNTech ainda em dezembro, mas o presidente da empresa no Brasil já havia afirmado um dia antes que a farmacêutica não tinha condições de entregar doses antes de janeiro.
Na mesma audiência desta terça, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, disse que, além da vacina produzida pela Fiocruz, as negociações do Brasil com a Pfizer estão avançadas e o contrato já em processo de finalização. Em parceria com o laboratório alemão BioNtech, a Pfizer produziu a primeira vacina aprovada internacionalmente contra a covid-19. "A expectativa é de 8 milhões de doses no primeiro semestre de 2021 e de outras 62 milhões de doses no segundo semestre do ano que vem, totalizando 70 milhões de doses da vacina da Pfizer em 2021."
Coronavac em cena
Outro contrato também adiantado, segundo o Ministério da Saúde, é com o Instituto Butantan para 46 milhões de doses da CoronaVac. A partir de janeiro, depois de aprovado por agência regulatória, serão adquiridas 9 milhões de doses em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março, de acordo com cronograma de entrega proposto pelo Butantan. "Ontem tivemos reunião [com o Butantan] para expandir essa compra para 100 milhões no primeiro semestre", disse o secretário.
A vacina Coronavac estava no centro de uma disputa entre Jair Bolsonaro e o governador paulista João Doria. Nos últimos meses, o presidente se manifestou abertamente contra o imunizante promovido pelo seu adversário político, mesmo com a pandemia avançando no país. No entanto, as recentes ações do Ministério da Saúde para adquirir o imunizante sugerem que o governo finalmente capitulou diante da vacina paulista diante da falta de outras vacinas para suprir a demanda.
Ainda sobre a aquisição de vacinas, Medeiros também adiantou aos deputados que o consórcio Covax Facility, iniciativa global capitaneada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), "muito em breve" disponibilizará doses da vacina para o Brasil. O que não se sabe ainda é a qual das vacinas via consórcio o Brasil terá acesso primeiro.
Emergência
A presidente da Fiocruz destacou que o Brasil também está em esforço grande para conseguir doses prontas para uso em caráter emergencial. Nesse caso, desde que haja registro por algum órgão internacional equivalente à Anvisa, a agência brasileira poderá liberar a vacinação emergencial em até dez dias.
Durante a sessão, a presidente da Fiocruz também foi questionada se há alguma possibilidade de o Brasil receber doses já prontas da vacina de Oxford para acelerar o início da campanha de vacinação. Nísia afirmou que não há previsão. Ela, no entanto, disse que a Fiocruz vem participando de esforços junto com o Ministério da Saúde para, se possível, antecipar a vacinação com doses produzidas em outros países.
“Estamos em um esforço junto com o ministro da Saúde [Eduardo Pazuello] para uma vez a vacina tendo registro, e está previsto o registro possivelmente no Reino Unido e na Comunidade Europeia, nas agências de vigilância que têm equivalência com a Anvisa, para, se possível, termos vacinas prontas enquanto estamos processando essa produção. Esse é um esforço adicional, mas é difícil porque em todo mundo foram feitas várias contratualizações da vacina. Estamos tentando os dois caminhos”, ressaltou Nísia Trindade.
Segundo Nísia, na semana que vem está prevista uma reunião de técnicos brasileiros com a direção da AstraZeneca para tratar do assunto.
Seringas
A aquisição de seringas para a imunização também foi questionada pelos deputados. Segundo Arnaldo Medeiros, o pregão está aberto para a compra de 330 milhões de seringas. "A expectativa é de que o fechamento do contrato seja 10 de janeiro, está tudo encaminhado”, garantiu. Paralelamente, ele disse que está sendo montado um curso para preparar os profissionais que vão atuar na vacinação.
JPS/ab/ots