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Festival de Bayreuth começa com vaia

(sm)26 de julho de 2002

A encenação da ópera Tannhäuser pelo francês Philippe Arlaud decepcionou o público na noite de abertura do 91º Festival Richard Wagner, em Bayreuth.

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A ópera do Festival Richard-Wagner em BayreuthFoto: AP

Apesar da ousadia cenográfica e dos múltiplos efeitos de luz, o diretor e iluminador francês Philippe Arlaud não conseguiu fazer de sua encenação de Tannhäuser uma "obra de arte total". Ao assumir a cenografia e a iluminação, o diretor acabou esquecendo de seu papel como diretor, criando personagens pouco convincentes, conforme reclamou a crítica alemã. Os tímidos aplausos do público cortês dificilmente conseguiram encobrir as vaias.

Wagner europeu -

Sua encenação de Lohengrin, em Bonn, no ano passado, já não tinha convencido a crítica, pela "falta de profundidade filosófica". No entanto, o diretor nascido em Paris e vienense por opção, não considera Richard Wagner propriedade alemã, mas sim parte da cultura européia. Com a ópera composta em 1942-45, Arlaud quis tematizar a posição do artista na sociedade de hoje, justificando que o tema do "amor dividido entre a prostituta e a devota" é de pouco interesse.

Enredo

– O enredo de Tannhäuser mistura motivos da mitologia antiga, lendas medievais e elementos cristãos. No início da ópera, Tannhäuser participa de uma orgia no Monte de Vênus, afastando-se – por fim – dos deuses do amor, para retornar ao mundo terreno. É lá que ele encontra o amor de Elisabeth, sendo – no entanto – desprezado pela sociedade, por não conseguir esquecer o êxtase que pôde provar com os deuses. Por este motivo, Elisabeth comete suicídio, levando Tannhäuser a se matar também. Só na morte ele encontra a redenção.

Artista outsider

– Na encenação de Bayreuth, Arlaud caracteriza Tannhäuser como um artista que se rebela contra a sociedade, opta por uma forma de vida diferente, mas acaba se tornando dependente de coisas das quais também quer se libertar. Para Arlaud, o desejo de autonomia é o que liga o artista de hoje com o da época de Richard Wagner.

Fim de uma dinastia

– Quanto à atmosfera de Bayreuth, há meses centro de polêmicas e intrigas em torno da sucessão do diretor do festival, Wolfgang Wagner (83), Arlaud se mostrou tranqüilo: "A técnica de palco é excelente; o departamento de figurinos, genial e toda a estrutura do festival apoiou meu projeto." Wolfgang Wagner, neto do compositor Richard Wagner e bisneto de Franz Liszt, defensor da transmissão dinástica da direção do festival criado por seu avô em 1846, queria nomear a mulher e a filha como suas sucessoras, encontrando resistência por parte das autoridades culturais bávaras.

Boulez e Lars von Trier

– Antes de seu afastamento, Wagner já planejou parcialmente o festival de Bayreuth até 2006, surpreendendo a todos com o convite a Pierre Boulez, para reger Parsifal em 2004, e a Lars von Trier, para dirigir O Anel dos Nibelungos, em 2006. Lars von Trier será o terceiro cineasta a dirigir uma ópera em Bayreuth, seguindo Patrice Chereau (O Anel dos Nibelungos, 1976) e Werner Herzog (Lohengrin, 1987).