Leipzig lê
12 de março de 2009A Feira do Livro de Leipzig, que se inicia na quinta-feira (12/03), é chamada por muitos de "irmã pequena" da homóloga de Frankfurt. Isso é verdade, quando se considera somente dados numéricos. No entanto, sabe-se que tamanho é algo relativo. Desde sua reformulação, há 18 anos, a mostra de Leipzig se desenvolveu como um fator estável e simpático no cenário editorial alemão.
Em 2008, 129 mil pessoas visitaram a feira. Neste ano, no entanto, a crise econômica não passou despercebida. Após anos de constante crescimento, o número de expositores caiu ligeiramente em 2009 – 2,1 mil provenientes de 38 países.
Mas todas as importantes editoras estão presentes e as pequenas aproveitam cada vez mais o interesse proporcionado por sua presença na feira. Não são os grandes negócios que interessam, mas uma programação extensa e um perfil claro das editoras.
De olho na juventude
"Feira jovem" é o lema enfatizado pelos organizadores da feira. Leipzig estimula editoras jovens e independentes, a literatura jovem alemã e, sobretudo, a formação e o desejo de leitura da juventude. Cerca de um terço da programação completa da feira é dedicada a leitores jovens. Livros infantis e de história em quadrinhos, como também o já tradicional concurso de novos talentos de mangás, atraem cerca de 28 mil visitantes menores de 18 anos à feira.
E, como leitores aficionados podem vir a se tornar livreiros, revisores e editores, a feira oferece, neste ano pela primeira vez, um assim chamado "dia da carreira", quando lideranças do setor editorial são convidadas a descrever a profissão.
Nos pavilhões da feira, editoras jovens independentes se apresentam numa "Ilha de leitura ". Novos escritores mostram seu trabalho em eventos como "Prognósticos da prosa", "Oficina de autores" ou na "Longa noite de leitura de Leipzig". Um intercâmbio com a cena literária norte-americana acontece na série de eventos "Krautgarden: leipzig.lê.américa".
Prêmio da Feira do Livro de Leipzig
Pela quinta vez, o prêmio aponta as melhores novidades do início do ano nas categorias de não-ficção, melhor tradução e ficção. Ao lado do Prêmio Alemão do Livro, entregue no outono europeu pela Feira do Livro de Frankfurt, a distinção não traz somente fama e apoio financeiro para outros projetos literários, mas oferece dicas de leitura e orientação a leitores em meio à oferta excessiva do mercado livreiro alemão.
Entre os romancistas nomeados estão nomes conhecidos como Wilhelm Genazino, Daniel Kehlmann ou Sybille Lewitscharoff. E todos, naturalmente, também recitam em Leipzig – junto a autores proeminentes de dentro e fora da Alemanha, como Günter Grass, Juli Zeh, Wladimir Kaminer, T.C. Boyle, Péter Esterházy ou Kiran Nagakar.
Depois do Muro
Os 20 anos da queda do Muro de Berlim são um tema bastante importante para Leipzig. A cidade foi palco das célebres "passeatas de segunda-feira", lá começou a revolução pacífica que levou, finalmente, à abertura do Muro.
Testemunhas da época, políticos e autores irão relatar suas vivências ou ler passagens de seus livros sobre o tema: Julia Franck, Ingo Schulze, o editor Cristoph Links, o pastor Friedrich Schorlemmer, o músico Konstantin Wecker, e muitos outros.
Ponte para Europa Oriental
Desde o começo, a ligação com países do Leste Europeu tem sido uma das bases da Feira do Livro de Leipzig. Neste ano, Macedônia e Bósnia se apresentam pela primeira vez. Um "Especial de autores", que também é apoiado pelo Ministério alemão do Exterior, dedica-se ao tema: "1989-2009. Para onde vai a Europa?".
A entrega do "Prêmio do Livro de Leipzig para o Entendimento Europeu", na quarta-feira, antes do início oficial da feira, já é um dos tradicionais pontos fortes da mostra. Neste ano, o agraciado foi o historiador alemão Karl Schlögel, especialista em Europa Oriental.
Uma cidade inteira festeja a Feira do Livro
"Leipzig lê" chama-se o festival com o qual a feira abrange todo o perímetro urbano. Trata-se aqui realmente de mais do que um slogan publicitário. Mil e quinhentos escritores leem em mais de 300 diferentes locações: livrarias, escolas ou os pavilhões da feira. Mas também em locais inusitados como salões de cabeleireiro, tribunais de Justiça ou no bonde – afinal de contas, pode-se ler em qualquer lugar.
Para tal, no entanto, é necessário perseverança nos cinco dias de duração da feira. Seja na "Longa noite dos audiolivros", na "Longa noite da literatura do Leste e do Oeste", na "Longa noite dos romances criminais" ou na festa literária LiTPop, a Feira do Livro de Leipzig não deixa tempo para dormir.
Autora: Gabriela Schaaf
Revisão: Augusto Valente