Farc suspendem cessar-fogo unilateral na Colômbia
22 de maio de 2015As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) suspenderam nesta sexta-feira (22/05) o cessar-fogo unilateral e por tempo ilimitado que haviam declarado em dezembro do ano passado. A suspensão ocorre após bombardeio dos militares colombianos a um dos acampamentos da guerrilha deixar 26 mortos e um ferido.
Em comunicado divulgado na internet, as Farc afirmaram que a declaração de cessar-fogo havia sido um "gesto humanitário" para interromper a escalada do conflito, e que não estava nos planos da guerrilha interromper a trégua agora. No entanto, "após cinco meses de ofensivas terrestres e aéreas" contra as estruturas da guerrilha em todo o país, a medida teve que ser anunciada diante da "incoerência" do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O bombardeio sobre o acampamento da Frente 29 das Farc ocorreu nesta quinta-feira na zona rural de Guapi, a 480 quilômetros de Bogotá, no departamento de Cauca. Ao invadirem o local após o ataque, as tropas colombianas encontraram 37 fuzis e uma metralhadora
Santos afirmou nesta sexta-feira que a ofensiva contra a guerrilha continua e que uma trégua bilateral só será aceita pelo governo quanto as negociações de paz, atualmente em curso, chegarem a uma fase mais avançada. Segundo o presidente colombiano, a operação militar é uma "ação clara e contundente contra o narcotráfico, a mineração ilegal, a extorsão".
"Desde o dia que as negociações foram iniciadas em Havana [novembro de 2012] tenho sido bastante claro ao dizer que as operações de nossas Forças Armadas não se encerrariam, e não se encerrarão", ressaltou Santos.
Pouco antes do anúncio da suspensão unilateral de cessar-fogo por parte das Farc, o presidente colombiano disse que, após o bombardeiro ao acampamento, a guerrilha iria pensar em uma retaliação. "É justamente esta espiral de violência, ódio, vingança e retaliação que nos conduziu a 50 anos de guerra. Temos que pará-la e transformá-la em uma espiral de perdão e reconciliação", afirmou.
Ao longo de cinco décadas de conflito mais de 200 mil pessoas foram mortas e milhões desalojados na Colômbia.
MSB/rtr/efe/dpa