Facebook remove contas de revista alemã de extrema direita
29 de agosto de 2020O Facebook e o Instagram removeram as contas da revista alemã de extrema direita Compact, conhecida por espalhar teorias da conspiração. Os perfis, que vinham promovendo os protestos de negacionistas da covid-19 em Berlim deste sábado (29/08), sumiram sem aviso prévio.
Segundo a imprensa alemã, a página da Compact no Facebook tinha mais de 90 mil curtidas e era um canal de propaganda em círculos de extrema direita, incluindo dentro do partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD).
O Facebook disse que decidiu remover as contas da revista por violações dos Padrões da Comunidade da rede social, segundo comunicado enviado às emissoras públicas WDR e NDR.
A empresa afirmou que "proíbe organizações e indivíduos de usarem nossos serviços se eles sistematicamente atacam pessoas com base em características como origem, gênero e nacionalidade. Portanto, removemos a revista Compact do Facebook e do Instagram".
Companhias em todo o mundo denunciam que o Facebook não faz o suficiente para combater o ódio e a intolerância prevalecentes na plataforma e, como forma de pressionar a empresa, muitas delas deixaram de anunciar na rede social.
No entanto, um representante da empresa enfatizou à WDR e à NDR que a decisão de remover as contas da Compact não foi movida por pressão externa e fez parte de um longo processo de investigação interna.
A revista vinha estimulando em seus canais os protestos contra as medidas de proteção ao coronavírus na capital da Alemanha, ao lado de outros grupos extremistas de direita e céticos que promovem teorias da conspiração e discursos antissemitas. Berlim tentou proibir a marcha, mas o veto foi derrubado por um tribunal.
O serviço de inteligência doméstico da Alemanha já havia colocado a Compact sob suspeita em março, classificando a revista como uma publicação extremista de direita.
Segundo jornalistas da WDR e NDR, a última foto publicada na conta da Compact no Instagram era uma imagem de Martin Sellner, líder do chamado Movimento Identitário, já banido no Facebook, durante uma manifestação anterior contra as medidas anticoronavírus.
O editor-chefe da revista expressou sua consternação com o encerramento das contas, alegando que este sábado, 29 de agosto, foi o pior dia desde 1945, quando chegou ao fim o regime nazista liderado por Adolf Hitler na Alemanha.