Extremistas sequestram alemão nas Filipinas
7 de novembro de 2016O grupo extremista islâmico Abu Sayyaf reivindicou o sequestro do alemão Jürgen Kantner, de 70 anos de idade, que velejava pelas águas da província de Tawi-Tawi, na Região Autônoma Muçulmana de Mindanau, no sul das Filipinas. Sua companheira, cuja identidade ainda não foi confirmada, foi baleada ainda a bordo.
O ataque à embarcação ocorreu no último sábado, mas as autoridades filipinas só confirmaram o crime nesta segunda-feira (07/11).
O corpo da mulher foi encontrado por pescadores que avistaram a embarcação abandonada. Uma arma, possivelmente a usada no crime, foi deixada ao lado do corpo. Segundo as Forças Armadas, os terroristas também deixaram para trás uma gravação confirmando a autoria dos crimes.
Segundo noticiou a imprensa local, o porta-voz do grupo, Abu Rami, entrou em contato com o jornal Philippine Daily Inquirer reivindicando o sequestro e o assassinato. À publicação, afirmou que o grupo só atirou contra a mulher porque ela reagiu ao sequestro. "Infelizmente, ela morreu. Ela tentou atirar em nós, por isso tivemos de atirar nela", disse Abu Rami.
Ainda de acordo com o jornal, os terroristas permitiram que Jürgen Kantner conversasse por telefone com os repórteres. Na breve entrevista, o alemão diz que o nome da vítima é Sabrina – sem informar sua identididade completa. Kantner afirma que já entrou em contato com a Embaixada alemã nas Filipinas, pedindo ajuda.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Martin Schafer, afirmou que a Alemanha investigará o ocorrido. "Estamos trabalhando junto com as autoridades filipinas para determinar o que aconteceu. Não podemos confirmar tudo o que está sendo noticiado”, disse Schafer.
Essa não é a primeira vez que o casal enfrentou problemas. Em 2008, quando velejavam pelas águas do Golfo de Áden, ao norte da Somália, foram sequestrados por piratas somalis. Ficaram 52 dias em cativeiro e foram soltos após pagamento de fiança.
O Abu Sayyaf tem sido responsável pelos ataques mais violentos cometidos nas Filipinas na última década. Foram registrados dezenas de sequestros, assassinatos e bombardeios em áreas públicas. Por meio do terror, tentam ganhar espaço num país onde a maioria da população é católica.
O grupo foi criado no início dos anos 1990, com suporte financeiro da Al Qaeda. Suas atividades são patrocinadas, principalmente, pelos resgates cobrados em sequestros de estrangeiros. Os militantes do Abu Sayyaf costumam agir nas ilhas do sul das Filipinas, área de maioria muçulmana. As vítimas mais cobiçadas são turistas que velejam pelas águas do sul do arquipélago. Em 2001, o grupo foi classificado como organização terrorista pelas Nações Unidas.
Estima-se que entre 200 e 400 rebeldes façam parte do grupo. Apesar do tamanho relativamente pequeno, o governo filipino calcula que o grupo tenha arrecadado cerca de 7,3 milhões de dólares com sequestros só neste ano. De acordo com as autoridades filipinas,o ele mantém atualmente ao menos dez reféns, de diversas nacionalidades.
NT/ape/ap/afp