Ex-refém alemã teria trabalhado para serviço secreto
7 de janeiro de 2006A arqueóloga alemã Susanne Osthoff, que esteve em poder de seqüestradores no Iraque de 25 de novembro a 18 de dezembro de 2005, trabalhou esporadicamente para o serviço secreto alemão (Bundesnarichtendienst - BND).
A informação foi divulgada neste sábado (07/01) pelo jornal Die Welt. A "cooperação irregular" teria sido encerrada em maio de 2005 pelo BND, diante dos indícios de que a arqueóloga estava sofrendo ameaças de terroristas.
Osthoff dissera, em outubro passado, que estava sofrendo ameaças de seqüestro de adeptos do líder da rede terrorista Al-Qaeda no Iraque, Abu Mussab el Sarkawi. Antes disso, ela havia fornecido a funcionários do BND "avaliações esporádicas da situação" no país.
Segundo informações do Die Welt e da agência alemã de notícias DDP, em nenhum momento Osthoff atuou "sistematicamente" como funcionária do serviço secreto alemão. Ela sabia, porém, que seus interlocutores alemães eram do BND.
Por suas informações, ela teria recebido pequenas recompensas financeiras, que não teriam somado mais do que três mil euros. Segundo a DDP, ela teria sido desligada como "fonte", porque "fazia o que queria, desobedecendo qualquer ordem do BND". Um porta-voz do serviço secreto não quis comentar essas informações.
Seqüestro e resgate
Depois que o BND encerrou a cooperação, a arqueóloga teria mantido apenas contatos particulares com um agente do Bundesnachritendienst, com o qual teria pernoitado algumas vezes.
Em entrevista à revista Stern, Osthoff confirmou este contato. "Ele até comprou presentes para minha filha, quando eu não tinha mais dinheiro", disse. Ao mesmo tempo, ela teria rejeitado tentativa do superior deste agente de usá-la para obter fotos de terroristas no território dos sunitas iraquianos.
Osthoff também disse que houve pagamento de resgate, sem revelar a quantia. "Os seqüestradores receberam uma oferta do governo alemão. A quantia exata não devo revelar, mas eles acharam pouco", declarou à Stern.
A agência de notícias DDP informou que o governo alemão pagou cerca de cinco milhões de euros pelo resgate. O dinheiro teria sido transportado ao Iraque por um enviado do BND.
Tanto o Bundesnachritendienst quanto o Ministério das Relações Exteriores e a Chancelaria Federal mantêm silêncio sobre o suposto pagamento de resgate. Durante o seqüestro, a chanceler federal alemã Angela Merkel havia dito que "a Alemanha não se deixa chantagear".
Desde sua libertação em 18 de dezembro, Osthoff concedeu várias entrevistas que geraram polêmica na Alemanha. Ela criticou a embaixada alemã em Bagdá, que a teria abandonado. "Acho que os alemães me odeiam", disse à revista Stern.