Ex-premiê Tony Blair defende novo referendo sobre Brexit
23 de janeiro de 2019Em entrevista à DW durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair defendeu, nesta terça-feira (22/01), a realização de um novo referendo sobre o Brexit, afirmando que serviria para trazer um "resultado conclusivo" sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
"Esse processo está uma bagunça", afirmou. "Não há acordo sobre como deverá ser um futuro tratado comercial com a Europa." Ele diz duvidar que a primeira-ministra Theresa May consiga aprovar um novo acordo, uma vez que não há maioria para nenhuma das propostas para o Brexit que estão sendo negociadas. "O mais sensato nessa situação é nos voltarmos novamente à população", defendeu Blair.
Ele rejeitou as críticas de que uma nova votação poderia causar danos à democracia, afirmando que seria uma consulta direta aos eleitores. "Tivemos 30 meses de negociações, há um conhecimento muito mais claro agora sobre o real significado do Brexit. Há uma compreensão maior sobre todos os temas que envolvem a questão", disse Blair.
Ao ser perguntado sobre qual cenário ele pensa ser o mais provável, o ex-premiê disse que, no momento, isso é incerto e que "obviamente, a falta de um acordo seria catastrófico para todos". Ele criticou as duas versões do Brexit que estão sendo negociadas. Blair argumentou que, se o Reino Unido se mantiver no mercado comum – o chamado modelo norueguês – terá de se submeter às regras da UE, sem ter nenhum poder sobre elas.
Por outro lado, Blair entende que o status de país terceiro, defendido pelos apoiadores do Brexit, iria "prejudicar os empresários britânicos que, há quatro décadas e meia, negociam, estabelecem relações, fazem comércio e investimentos como sendo parte do sistema comercial europeu". "Dessa forma, temos um Brexit sem sentido e um outro doloroso. E estas não são boas escolhas", observou.
Blair disse que o acordo negociado por May, que sofreu uma derrota histórica no Parlamento no dia 15 de janeiro, é "completamente ambíguo". "Não acho inteligente, tanto para o Reino Unido quanto para a Europa, avançar sem saber como será o futuro."
O ex-premiê mencionou a imigração e os temores oriundos da globalização como os principais aspectos que levaram o país a inicialmente optar por deixar a UE. "Temos que lidar com as questões intrínsecas. O problema é que o Brexit não é a resposta para nenhum desses temas. Esse é o dilema que o Reino Unido vive, temos que encontrar um caminho para sair disso", observou.
Blair lembrou que essa é uma questão que também afeta a Europa. "Temos que nos dar conta, todos nós, britânicos e europeus, de que devemos permanecer unidos no futuro."
RC/dw
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