Ex-premiê francês anuncia apoio a Macron
29 de março de 2017O candidato independente Emmanuel Macron à presidência da França ganhou nesta quarta-feira (29/03) um importante aliado na corrida eleitoral. Diante do risco de vitória de Marine Le Pen, da extrema direita, o ex-primeiro-ministro Manuel Valls declarou que votará em Macron em vez de apoiar o socialista que disputa o cargo.
"Diante da ameaça do populismo, da extrema direita, não se pode correr nenhum risco", justificou Valls ao explicar a decisão de apoiar Macron e não o candidato do seu partido, Benoît Hamon, que o derrotou nas primárias socialistas, em janeiro. O premiê afirmou que considera o candidato independente a melhor opção para enfrentar Le Pen.
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O premiê argumentou que a aposta em Macron é uma questão "de razão". Valls destacou que não fará uma aliança e nem campanha com seu ex-ministro de Economia. Questionado se poderia ser excluído do Partido Socialista por ter descumprido o compromisso das primárias de apoiar o candidato vencedor, respondeu com um tom de indignação.
"Excluído por aqueles que não respeitaram nenhuma regra durante cinco anos?", disse, se referindo à posição de Hamon e de uma parte de seu partido contrária a algumas das políticas do governo de François Hollande.
Pesquisas de opinião mostram uma disputa acirrada entre Le Pen e Macron pela liderança nas intenções de voto. Já o candidato socialista não tem chances de chegar ao segundo turno, segundo as enquetes.
Valls afirmou ainda que a Frente Nacional de Le Pen "está mais forte do que mostram as pesquisas" e disse ser possível que a candidata da extrema direita obtenha no primeiro turno, marcado para o dia 23 de abril, 30% dos votos, o que, segundo sua análise, a daria grandes chances de vencer o segundo turno, no dia 7 de maio.
"Valls não fará parte do governo"
Em entrevista à emissora de rádio Europe 1, Macron agradeceu o apoio de Valls e ressaltou que o ex-primeiro-ministro não fará parte de seu governo, caso ele seja eleito, pois ele pretende promover uma renovação das elites políticas francesas.
O anúncio de Valls enfureceu alguns socialistas, cujo partido está fortemente dividido depois do impopular governo de Hollande. Numa coletiva de imprensa, Hamon pediu aos eleitores que "deem as costas para os políticos que não acreditam em mais nada e seguem na direção do vento".
O ex-ministro da economia Arnaud Montebourg publicou uma mensagem no Twitter na qual chama Valls de "homem sem honra".
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