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Ex-ministro alemão do Interior na linha de fogo

(rsr)5 de dezembro de 2005

Otto Schily enfrenta pressão para que revele o que sabe sobre o seqüestro de cidadão alemão por integrantes do serviço secreto norte-americano. Além de políticos, a Anistia Internacional pede investigação imparcial.

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Ex-ministro ainda não se pronunciouFoto: AP

O deputado Volker Beck, do Partido Verde, disse que Otto Schily deveria ter dito o que sabia sobre o assunto. O ex-ministro deixou a função no dia 22 de novembro deste ano. "Nós iremos questionar o governo e exigir uma explicação", comenta.

Conforme reportagem publicada no jornal norte-americano Washington Post, e ao contrário de informações de Berlim, o antigo governo alemão foi informado sobre, pelo menos, um caso de seqüestro pela CIA de um suspeito de terrorismo.

Errar é humano

CIA-Flüge in Europa
Governo alemão espera esclarecimento sobre vôos secretos da CIAFoto: dpa

No mês de maio do ano passado, Daniel Coats, então embaixador dos Estados Unidos em Berlim, disse a Otto Schily que Khaled el-Masri, um cidadão alemão de origem libanesa, tinha sido raptado de forma "equivocada" pelo serviço secreto de seu país, mas que seria libertado em breve, conforme artigo do periódico.

El-Masri fora seqüestrado em 2003 e passou cinco meses em uma prisão no Afeganistão. Procuradores alemães, como Eberhard Beyer, começaram a analisar o caso e emitiram mandados de prisão contra 22 pessoas supostamente envolvidas no rapto.

"Esses agentes estavam operando em solo alemão, o que automaticamente significa que cometeram crime sob jurisdição alemã", diz Beyer. "É por isso que nós começamos as investigações partindo da coerção e privação dos direitos humanos."

O social-democrata Otto Schily ainda não comentou o caso. A porta-voz do ministério do Interior, que agora é conduzido por Wolfgang Schäuble, informou que não poderá falar sobre eventos acontecidos no governo anterior.

Rice na Alemanha

Condoleezza Rice Porträt
Condoleezza Rice disse em discurso que os EUA não torturam presosFoto: AP

Antes de partir em viagem à Europa, a secretária de Estado norte-americana disse, durante discurso em uma base aérea no país, que defende a política para lidar com suspeitos de envolvimento com o terrorismo.

Segundo Condoleezza Rice, "o que é feito [a transfêrencia de presos] está de acordo com o direito internacional". A medida teria o objetivo de levar o suspeito a outro país para ser interrogado. Ressaltou que é uma política empregada há mais de dez anos com outros países aliados. "Quando apropriado, os Estados Unidos buscam garantias de que pessoas transferidas não sofram torturas", assegurou.

Em seu tour pela Europa, Rice não deverá ser questionada sobre tais temas. De acordo com esclarecimento do governo alemão, a secretária de Estado não será "pressionada" sobre a questão dos vôos. O encontro com a chanceler Angela Merkel acontecerá nesta terça-feira (06/12).

Cobrança da Anistia Internacional

Guantanamo Gefängnis
Bartelt critica o 'sistema Guantánamo'Foto: AP

Entre os que cobram explicações está o órgão que luta pela defesa dos direitos humanos. Conforme o porta-voz da Anistia Internacional na Alemanha, os vôos da CIA são somente um aspecto de um sistema mais amplo, chamado de Guantánamo.

Para Dawid Danilo Bartelt, "a prisão norte-americana exclui grupos de pessoas de seus direitos pessoais sob o pretexto de defender a sociedade. Fazem isso em nome da guerra contra o terrorismo", critica. "E o problema é que quem está na frente deste sistema é um Estado que reclama para si a denominação de Estado de direito e democracia", critica Bartelt.

O porta-voz da Anistia explica que os vôos do serviço secreto norte-americano fazem parte de um enorme escândalo que está ameaçando toda a base ética da política internacional.

"A imprensa fala em dois casos de cidadãos alemães que tiveram seus direitos pessoais privados. Se o governo [Schily] sabia disso, é preciso que admita", comenta Bartelt.

"Ao que parece, houve aparente envolvimento de órgãos do governo alemão. É preciso que isso seja investigado de forma parcial e autônoma", defende.