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Ex-jogador de críquete toma posse como premiê do Paquistão

18 de agosto de 2018

Conhecido como "Trump paquistanês”, Imran Khan venceu eleições legislativas em julho ao liderar campanha com promessas populistas e conservadoras.  

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Pakistan Imran Khan ist neuer Premierminister
Khan, de 65 anos, é considerado um herói nacional no Paquistão e até hoje é apelidado "capitão"Foto: Reuters/National Assembly Handou

O ex-jogador de críquete Imran Khan tomou posse neste sábado (18/08) primeiro-ministro do Paquistão. Conhecido pela vida de playboy, Khan, de 65 anos, é considerado um herói no país por ter comandando a vitoriosa seleção nacional na Copa do Mundo de Críquete de 1992. Pouco depois, ele passou a a se dedicar à política e fundou o partido Movimento pela Justiça (PTI).

O partido foi o vencedor das eleições legislativas em julho, mas como não havia obtido maioria absoluta, foi preciso negociar um governo de coalizão. Na sexta-feira, sua liderança foi finalmente confirmada no Parlamento quando o ex-jogador obteve 176 votos, quatro a mais que os que precisava para ser eleito. Seu único adversário foi Shahbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, que tinha poucas chances de ser eleito.

Neste sábado, Khan jurou "fé sincera e fidelidade ao Paquistão" e prometeu trabalhar "no interesse da soberania e pela integridade, solidaridade, bem-estar e prosperidade do país".

A cerimônia foi realizada no palácio presidencial ante as principais autoridades civis e militares do Paquistão, dignitários estrangeiros e diplomáticos. Também estiveram presentes todos os jogadores de críquete paquistaneses campeões do mundo em 1992.

Ao longo de anos, o PTI nunca obtivera bons resultados nas eleições nem conseguira se firmar como um partido nacional. Essa situação só começou a mudar em 2013, quando o partido se tornou o terceiro maior da Assembleia Nacional.

Mesmo assim, a vitória do esportista em julho, tachado por adversários de diletante político, incapaz de transformar sua popularidade em votos, surpreendeu, já que ele passou a maior parte da sua carreira política às margens do poder.

Ciente do seu passado de playboy, já como político Khan tratou de cultivar uma imagem de fiel devoto do islã, a principal religião do Paquistão. Ele fez demonstrações públicas de devoção e conquistou eleitores principalmente no norte do país, entre a população conservadora pashtun. No começo do ano, ele se casou pela terceira vez, desta vez com sua conselheira espiritual.

Na última campanha, Khan conquistou os eleitores com um discurso de tons populistas, focado no combate à corrupção e ao nepotismo e na criação de empregos para os pobres, e anunciando que, em vez de morar no palácio do primeiro-ministro, a residência oficial, ele vai transformá-la num centro educacional.

Ele prometeu um "estado de bem-estar social islâmico" e atacou a "elite predatória que impede o desenvolvimento da nação", que tem 208 milhões de habitantes e uma taxa de analfabetismo superior a 40%.

Seus discursos populistas e propostas conservadoras ao longo da campanha lhe valeram o apelido de "Trump paquistanês" pela imprensa ocidental.

O Paquistão, uma potência nuclear, enfrenta uma crise econômica que pode levar o país a solicitar um empréstimo ao FMI, apesar de o PTI não descartar pedir ajuda à China, maior aliado da nação e que o futuro premiê vê como modelo de desenvolvimento econômico.

A campanha de Khan foi recheada de ataques aos Estados Unidos e à arquirrival do Paquistão, a Índia. O governo do presidente Donald Trump adotou uma linha dura em relação ao Paquistão, suspendendo ajuda e acusando o país de fazer muito pouco para combater o terrorismo.

Alguns analistas descreveram a campanha das legislativas de julho como uma das mais "sujas" da história do país pelas supostas manipulações em benefício de Khan realizadas pelo exército paquistanês, ator protagonista da política deste país, com vários golpes de Estado.

JPS/afp/ap

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