Ex-cartola da Fifa é denunciado em ação sobre Copa no Catar
27 de maio de 2023Promotores franceses que investigam o processo de candidatura do Catar para a Copa do Mundo de 2022 denunciaram o ex-vice-presidente da Fifa Reynald Temarii por corrupção passiva.
A denúncia foi anunciada neste sábado (27/05) pela Procuradoria Nacional Financeira da França (PNF) e é a primeira decorrente da investigação sobre o processo de escolha do Catar, iniciada em 2019.
Temarii é taitiano é ex-presidente da Confederação de Futebol da Oceania (OFC). Ele foi obrigado a deixar o cargo em 2010, depois de ser citado em uma investigação secreta do jornal britânico Sunday Times que sugeriu que Temarii teria colocado seu voto à venda em troca de um projeto milionário na área do futebol em seu país natal.
Manobra às vésperas de votação
Em função do escândalo, Temarii foi banido por um ano pela Fifa em 17 de novembro de 2010 por violação do código de ética, o que o excluiu da votação de 2 de dezembro na sede da entidade máxima do futebol, em Zurique, que decidiria o anfitrião da Copa de 2022 e deu a vitória ao Catar.
A OFC teria o direito de indicar alguém para votar em seu lugar, e daria o primeiro de seus votos para a Austrália e, numa segunda rodada de votação, para os Estados Unidos, os então favoritos para sediar a Copa do Mundo de 2022.
Mas Temarii, que incialmente disse ter aceitado a punição, recorreu de seu banimento na noite de 30 de novembro, às vésperas da votação decisiva. O seu recurso, de acordo com as regras da Fifa, privou a OFC do direito de voto em 2 de dezembro, e o Catar venceu a disputa sobre os EUA por 14 votos a 8.
Custos legais pagos por catari
Em 2015, Temarii foi banido novamente pela Fifa, desta vez por oito anos, por ter recebido cerca de 300 mil euros para cobrir suas despesas legais com a apelação feita em 2010, pagos por Mohamed bin Hammam, ex-membro executivo da Fifa e um dos principais responsáveis por garantir a Copa do Mundo para seu país natal, o Catar.
Bin Hammam é a figura central das acusações de manipulação da votação que deu ao Catar o direito de sediar a Copa de 2022, e foi banido para sempre do futebol em 2012.
A investigação francesa também estava interessada em uma reunião no Palácio do Eliseu, em Paris, em 23 de novembro de 2010, pouco mais de uma semana antes da votação, entre o então presidente francês Nicolas Sarkozy, o príncipe do Catar Tamim ben Hamad al-Thani – que se tornou emir em 2013 – e o presidente da Uefa na época, Michel Platini, que posteriormente votou a favor do Catar.
bl (AFP, SID)