Evo Morales deixa a Argentina e vai para a Venezuela
24 de outubro de 2020O ex-presidente da Bolívia Evo Morales deixou a Argentina, onde vivia exilado há quase um ano, na sexta-feira (23/10), com destino à Venezuela. Segundo a Télam, agência de notícias estatal argentina, o boliviano deixou o país pelo Aeroporto Internacional de Ezeiza em um avião oficial do governo venezuelano.
A viagem ocorreu horas depois de o Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia oficializar a vitória de Luis Arce, um aliado de Evo, nas eleições presidenciais que ocorreram no país andino no último domingo. De acordo com os resultados, Arce, do Movimento pelo Socialismo (MAS), recebeu 55,1% no primeiro turno, ficando bem à frente do seu adversário mais próximo, Carlos Mesa, que obteve 28,8%.
Na segunda-feira, quando a vitória de Arce já estava clara em pesquisa de boca de urna, Morales disse numa conferência de imprensa que "mais cedo ou mais tarde" regressaria à Bolívia. Ele ainda reiterou que os processos judiciais que pesam sobre ele no seu país são "parte de uma guerra suja".
"É uma questão de tempo. O meu grande desejo é voltar à Bolívia", disse o ex-presidente. Nos últimos meses, Morales foi acusado de terrorismo, sedição, fraude eleitoral e até estupro. Quase todas as acusações foram apresentadas pelo governo transitório de Jeanine Áñez, instalado após a queda de Morales no ano passado.
Morales, que comandou o país por 13 anos, renunciou em novembro do ano passado, após pressão dos militares e de setores conservadores do país, que o acusaram de fraude elitoral nas eleicoes de outubro de 2019. Em seguida, ele deixou o país, ficando algumas semanas no México e depois se instalandonaArgentina.
Na sexta-feira, o ex-presidente disse que o mais recente resultado eleitoral é "a maior prova de que não houve fraude" no pleito de 2019. "Aqueles que denunciaram têm a obrigação de retirar essas denúncias. Deve-se colocar em liberdade todas as pessoas presas injustamente por esse motivo."
O MAS conquistou a maioria nas duas câmaras, mas não obteve os dois terços que lhe permitiriam aprovar leis sem a necessidade de negociar com outras bancadas, como ocorria na época de Morales.
Um total de 6.483.893 pessoas votaram, numa participação recorde de 88,42% dos cidadãos habilitados, segundo os dados finais do TSE boliviano.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou em Washington que não há "paralelo" entre as eleições de 2019 e as do último domingo. Ele recebeu duras críticas do México pelo papel da organização na votação precedente. "Luis Almagro deve renunciar, se tiver ética e moral", disse ontem Morales.
JPS/lusa/afp/ots/rt