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"Euro deve unir a Europa, e não dividi-la", diz Juncker

13 de setembro de 2017

Presidente da Comissão Europeia afirma que moeda deve ser adotada pela UE como um todo, e não apenas por um seleto grupo de países. Ele lamenta saída do Reino Unido, mas aponta que Brexit não é o futuro do bloco.

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Juncker apontou prioridades da UE para o próximo ano: comércio, indústria, mudanças climáticas, cibersegurança e migração
Juncker apontou prioridades da UE para o próximo ano: comércio, indústria, clima, cibersegurança e migraçãoFoto: picture-alliance/dpa/J.F. Badias

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defendeu nesta quarta-feira (13/09,) em seu discurso anual sobre o estado da União Europeia (UE), que todos os países-membros do bloco adotem o euro.

"Se queremos que o euro una em vez de dividir o nosso continente, então, ela deveria ser mais que a moeda de um seleto grupo de países", declarou Juncker. "O euro deve ser a única moeda da União Europeia como um todo." Atualmente, dos 28 países-membros da UE, 19 integram a zona do euro.

No Parlamento Europeu em Estrasburgo, o presidente da Comissão Europeia afirmou que o bloco deve aproveitar os "ventos favoráveis" para construir uma Europa mais forte e reconquistar os "corações e mentes" dos europeus.

Leia mais:  Juncker chama Parlamento Europeu de ridículo

"O vento é outra vez favorável, temos agora uma janela de oportunidade que não vai ficar aberta para sempre. Aproveitemos ao máximo o bom momento e o vento em nossas velas", afirmou.

Ele ressaltou a necessidade de dar novos passos no processo de repensar o futuro do bloco, iniciado há cerca de um ano. E também apontou as áreas que devem ser prioridade para a UE no próximo ano: comércio, indústria, mudanças climáticas, cibersegurança e migração.

Turquia, migração e cibersegurança

O político luxemburguês se pronunciou favorável à inclusão da Romênia e da Bulgária, membros da UE desde 2007, na zona de livre-circulação de Schengen.

Quanto à Turquia, ele afirmou que a adesão do país ao bloco está ameaçada em razão das medidas autoritárias adotadas pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Nossa União não é um Estado, mas é governada pelo Estado de direito", disse Juncker. "E isso, por si só, exclui a possibilidade de adesão da Turquia no futuro próximo."

Em relação a políticas migratórias, a UE deverá propor em breve meios para ampliar a deportação de requerentes de asilo que tiveram seus pedidos negados. Essa medida é considerada essencial para fazer com que os Estados-membros do bloco compartilhem a responsabilidade e ampliem a ajuda aos refugiados.

Está nos planos do bloco a criação de uma agência europeia de cibersegurança. Juncker também defendeu o estabelecimento de uma nova unidade de inteligência europeia para coordenar o compartilhamento de informações sobre indivíduos suspeitos e dar à Promotoria Pública Europeia o poder de investigar atividades terroristas. Uma União de Defesa Europeia, apoiada pela Otan, deverá ser concluída até 2025.

Novos acordos comerciais e Brexit

Juncker defendeu o reforço do programa europeu de comércio, o fechamento de acordos comerciais com vários parceiros e ressaltou a necessidade de tornar a indústria "mais forte e competitiva", respeitando os consumidores em vez de enganá-los .

O presidente da Comissão Europeia propôs a criação de uma estratégia de políticas industriais para ajudar as empresas a se tornarem ou permanecerem "líderes mundiais em inovação, digitalização e descarbonização".

Donald Tusk, do Conselho Europeu (esq), o presidente japonês Shinzo Abe (c) e Juncker durante a cúpula UE-Japão
Donald Tusk, do Conselho Europeu (esq), o presidente japonês Shinzo Abe (c) e Juncker durante a cúpula UE-Japão Foto: picture-alliance/abaca/D. Aydemir

Ele prometeu concluir até o final do ano as negociações dos acordos comerciais com o Mercosul, liderado por Brasil e Argentina, e o México, e propôs limitar a capacidade da China de adquirir empresas europeias de infraestrutura, tecnologia e energia. Juncker disse ainda que a Comissão Europeia vai iniciar negociações de livre-comércio com a Austrália e a Nova Zelândia.

Ele considerou "trágica" a saída do Reino Unido do bloco europeu, mas ressaltou que isso não deve impedir que o resto do bloco avance de modo ambicioso em políticas de integração. "Continuaremos a avançar, porque o Brexit não é tudo, não é o futuro da Europa."

Ministro das Finanças da UE

Juncker reforçou a necessidade da criação do cargo de ministro das Finanças e Economia da UE. A proposta é semelhante à feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que afirma que a zona do euro precisa de instituições mais fortes para evitar impactos como os causados pela crise da dívida ou pelo Brexit.

"Não estou pedindo a criação de um novo cargo apenas por fazê-lo. Estou pedindo eficiência", afirmou. Ele explicou que um membro do alto escalão da Comissão Europeia poderia se encarregar de coordenar as políticas econômicas da zona do euro.

Juncker pediu que todos os Estados-membros entrem na União Bancária Europeia, que visa unificar a supervisão sobre as instituições bancárias em todo o bloco e estabelecer padrões comuns em relação a políticas de trabalho e sociais.  

Medidas autoritárias do presidente turco Recep Tayyip Erdogan impedem entrada da Turquia na UE, diz Juncker
Medidas autoritárias do presidente turco Recep Tayyip Erdogan impedem entrada da Turquia na UE, diz JunckerFoto: Reuters/O. Orsal

Ele sugeriu ainda uma fusão dos cargos de presidente da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, para que as estruturas do bloco se tornem mais compreensíveis dentro e fora da Europa.

RC/afp/lusa/rtr