Interlocutor na Líbia
14 de maio de 2011Anúncio
Ao receber o representante dos insurgentes líbios, Mahmoud Jibril, na Casa Branca nesta sexta-feira (13/05), o assessor de segurança nacional do presidente Barack Obama, Tom Donilon, disse em Washington que o ditador líbio Muammar Kadafi "perdeu sua legitimidade" e que ele "deve entregar o poder imediatamente".
Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos reconhecem o Conselho Nacional de Transição como "interlocutor legítimo" e como representante do povo líbio, Washington não o vê como parceiro para negociações diplomáticas. Até agora, este reconhecimento veio apenas de Itália, França, Reino Unido, Catar e Gâmbia.
Jibril encontrou-se ainda com Jim Steinberg, o mais importante assessor da secretária de Estado Hillary Clinton. Neste sábado, Jibril será recebido em Paris pelo presidente Nicolas Sarkozy.
Ainda na Casa Branca, o presidente norte-americano, Barack Obama, conversou nesta sexta-feira com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen. Segundo fontes diplomáticas, ambos são de opinião que a imposição de uma zona de exclusão aérea através de força militar "salvou incontáveis vidas" e que a aliança atlântica prosseguirá com a operação enquanto Kadafi continuar atacando a própria população.
Kadafi ferido?
Em um ataque aéreo da Otan contra a residência de Kadafi em Trípoli na quinta-feira, teriam sido mortas três pessoas, das quais dois jornalistas, informou o governo líbio. Desmentindo informações divulgadas pelo ministro italiano do Exterior, Franco Frattini, de que o bispo de Trípoli teria dito que Kadafi estaria ferido e teria se retirado da capital, o ditador líbio pronunciou-se através de uma mensagem de áudio transmitida pela tevê estatal, onde se apresenta como invulnerável. "Quero lhes dizer que vivo em um lugar onde não posso ser encontrado ou morto, eu vivo nos corações de milhões de líbios", disse Kadafi.
O bispo católico de Trípoli, Giovanni Martinelli, disse que não passou a informação desta maneira a Frattini: "O que o ministro disse não é verdade, pois eu nunca falei que o detentor do poder líbio estivesse ferido, esclareceu Martinelli à emissora Radio France Internationale. "Eu disse apenas que ele está psicologicamente em estado de choque pela morte de seu filho".
Há especulações sobre o paradeiro e a saúde de Kadafi desde o ataque da Otan, há três semanas, em que foram mortos um filho e três netos do ditador. Devido ao grau de destruição do prédio, já naquela época se especulou que ninguém poderia ter saído ileso. Na quinta-feira, a televisão estatal líbia mostrou imagens de Kadafi recebendo líderes tribais em um hotel de Trípoli.
Ataques da Otan prosseguem
Aviões de combate da aliança atlântica continuam a bombardear prédios onde membros do clã de Kadafi poderia estar escondidos. A operação é legitimada por um mandato da ONU, com o objetivo de proteger a população líbia de ataques do próprio regime.
O porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, disse em Trípoli que um ataque da Otan nesta sexta-feira matou 11 sacerdotes muçulmanos na cidade de Brega. Na oportunidade, um imame convocou "todos os muçulmanos do mundo" a participarem da vingança. Segundo ele, para cada sacerdote morto deveriam morrer outras mil pessoas na França, Itália, Dinamarca, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos.
Segundo Mike Bracken, porta-voz da missão militar na Líbia, os ataques contra a população por tropas fiéis ao regime estariam diminuindo. "Ontem não tivemos notícias de tiros contra civis em Misrata", disse Bracken nesta sexta-feira em Nápoles.
Neste sábado (14/05), a Otan confirmou ter bombardeado uma base de comando próximo a Brega, que teria sido usada para coordenar ataques contra a população líbia. Em declaração divulgada neste sábado, a aliança militar lamenta a morte de civis, embora ressalte que não possa confirmar as informações sobre civis entre as vítimas fatais. Também na última noite prosseguiram os bombardeios da Otan contra alvos na capital líbia.
Mais refugiados chegam à Itália
Centenas de refugiados africanos continuam chegando à Itália. Na madrugada deste sábado, uma embarcação com 213 refugiados aportou em Licata, no sul da Sicília, noticiou a imprensa italiana. Também em Lampedusa, no Mar Mediterrâneo, chegaram dois barcos com 200 passageiros cada um, aumentando para mais de 1.600 o número de refugiados na pequena ilha italiana.
Desde o início das revoluções nos países do Norte da África, mais de 37 mil pessoas cruzaram a perigosa rota através do Mediterrâneo para atingir a Itália. Após Roma fechar um acordo com Túnis, em abril, permitindo a extradição dos tunisianos que chegam à Itália, a rota está sendo usada cada vez mais por refugiados vindos da Líbia.
RW/afp/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque
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