EUA não esgotaram esclarecimento sobre espionagem, diz Figueiredo
30 de janeiro de 2014O Ministro das Relações Exteriores, Luiz Fernando Figueiredo, afirmou nesta quinta-feira (30/01) que a chefe do Conselho de Segurança Nacional americano, Susan Rice, não esgotou os esclarecimentos sobre o escândalo de espionagem. Sem entrar em detalhes sobre o encontro em Washington, ele se limitou a definir as relações entre os dois países como "densas" e não antecipou quais serão os próximos passos do governo brasileiro.
"Saio igual", disse o chanceler, em declarações reproduzidas pela imprensa brasileira, sobre o status da relação bilateral. "A reunião não esgotou o processo de esclarecimento. Não é uma conversa no meu nível e no nível dela que levará a uma melhoria das relações."
Indagado por repórteres, o ministro não confirmou se o pedido de desculpas exigido pela presidente Dilma Rousseff, que teve suas comunicações espionadas pelos EUA, foi reforçado a Rice. Segundo ele, os americanos sabem "exatamente e perfeitamente" o que o Brasil quer. "O diálogo continua", afirmou.
Figueiredo explicou ainda que a reunião serviu para que Rice explicasse as mudanças no sistema de coleta de dados da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. "É importante ter acontecido a conversa, mas não há um impacto desta conversa nas relações", frisou.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Bem Rhodes, insistiu que o governo Barack Obama fará o possível para afinar posturas com o Brasil, a quem continuará informando sobre suas atividades de vigilância e inteligência.
"O que dissemos aos brasileiros é que vamos continuar tentando proporcionar toda a informação que pudermos sobre a natureza de nossas atividades de inteligência, que mais uma vez, em nossa opinião, não estão dirigidas a certas pessoas, como a presidente Dilma", disse o conselheiro.
Rhodes se referiu também à reunião do chanceler brasileiro. "A presidente Dilma reconhece que a relação EUA-Brasil é importante para os dois países e para todo o hemisfério, se não para todo o mundo", afirmou. "Não queremos que este debate sobre a vigilância impeça o progresso em todos os outros assuntos", acrescentou.
Ele garantiu que está mantido o convite a Dilma, que cancelou em setembro uma visita a Washington após a eclosão do escândalo das escutas. "Acho que é algo que gostaria de retomar quando ela se sentir confortável. Vamos continuar buscando oportunidades para recebê-la", disse o assessor.
RPR/ dpa/ efe