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EUA e Turquia pressionam Riad por jornalista desaparecido

11 de outubro de 2018

Mesmo aliados, como Estados Unidos e Reino Unido, exigem saber o que aconteceu com o jornalista Jamal Khashoggi, que entrou no consulado saudita de Istambul e desapareceu. Arábia Saudita nega assassinato.

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Membro de associação de direitos humanos questiona o desaparecimento de Khashoggi em Istambul
Membro de associação de direitos humanos questiona o desaparecimento de Khashoggi em IstambulFoto: picture-alliance/AA/O. Coban

Os Estados Unidos e a Turquia elevaram a pressão para que a Arábia Saudita forneça uma explicação convincente sobre o caso do jornalista Jamal Khashoggi, um crítico do governo saudita que desapareceu após uma visita ao consulado do país em Istambul. O Reino Unido também manifestou preocupação.

Autoridades turcas acreditam que ele tenha sido morto e esquartejado, acusação negada por Riad.

Nesta quinta-feira (11/10), o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou ter investigadores auxiliando na apuração do caso na Turquia e disse que exigiu respostas após falar com autoridades sauditas "do mais alto nível". "Estamos sendo muito duros. Temos investigadores lá, estamos trabalhando com a Turquia e, honestamente, estamos trabalhando com a Arábia Saudita. Queremos descobrir o que aconteceu", disse Trump, em entrevista à emissora Fox News.

Questionado se o desaparecimento de Khashoggi poderia ser um risco para as relações entre a Arábia Saudita e os EUA, Trump disse que antes é necessário saber o que aconteceu. A administração Trump construiu um sólido relacionamento com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman. Ambos trabalharam juntos contra o Irã, apesar de preocupações sobre a campanha do príncipe contra dissidentes.

Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que o país não pode ficar em silêncio sobre o desaparecimento e que todos os aspectos do caso estão sendo investigados. Ele pediu à Arábia Saudita que divulgue imagens do circuito interno de televisão para provar que Khashoggi saiu do consulado em segurança. "É mesmo possível que não haja sistemas de câmeras num consulado, numa embaixada?", disse a jornalistas, embora não tenha feito acusações diretas ao príncipe herdeiro saudita.

Khashoggi está desaparecido há cerca de uma semana. Em 2 de outubro, o jornalista, que escrevia colunas para o jornal The Washington Post, foi ao consulado em Istambul a fim de obter documentos para seu casamento. Na versão da Arábia Saudita, ele teria deixado as dependências do consulado pouco depois. Já autoridades turcas e a noiva do jornalista, que o esperava do lado de fora, afirmam que ele nunca saiu de lá.

O consulado disse que as câmeras não estavam funcionando no dia em questão e classificou acusações de assassinato de sem fundamento.

Unindo-se a Trump e Erdogan, o secretário para Assuntos Estrangeiros do Reino Unido, Jeremy Hunt, também se pronunciou sobre o ocorrido. "Pessoas que por muito tempo pensavam ser amigas dos sauditas estão dizendo que esse é um assunto muito, muito sério”, disse, afirmando que pode haver sérias consequências caso as alegações sejam verdadeiras. "Nós estamos extremamente preocupados", disse em entrevista à agência de notícias AFP. Assim como os EUA, o Reino Unido é um aliado próximo da Arábia Saudita.

O mistério sobre o desaparecimento do jornalista aumentou com uma notícia do Washigton Post afirmando que o príncipe saudita havia ordenado uma operação para "atrair" Khashoggi de volta ao seu país natal.

Khashoggi é um antigo conselheiro do governo saudita, mas fugiu do país em setembro de 2017. Desde então vivia nos EUA, temendo ser preso caso voltasse para casa. Ele era crítico tanto de algumas políticas de Salman quanto do papel de Riad na guerra do Iêmen.

Seus amigos afirmaram ao Washington Post que autoridades sauditas lhe ofereceram proteção e até um trabalho caso ele retornasse, mas ele desconfiava de tais ofertas.

O diário turco Hürriyet cita, sem mencionar o nome, um alto responsável dos serviços de segurança turcos que afirma que há 90% de possibilidades de o jornalista ter sido assassinado. 

No âmbito das investigações, a polícia turca está avaliando um grupo de 15 sauditas que afirma ter estado no consulado ao mesmo tempo que Khashoggi e que chegou a Istambul em 2 de outubro, mesmo dia em que o jornalista desapareceu, a bordo de dois aviões particulares. A mídia turca afirma que se trata de uma equipe de assassinos, que teriam levado consigo as gravações em vídeo.

O Hürriyet noticiou que um dos elementos do grupo era um médico legista do exército saudita. A imprensa turca define o grupo como um "esquadrão da morte" ou "de sequestro".

As imagens divulgadas pela imprensa turca mostram o jornalista indo para o consulado e, cerca de duas horas depois, uma Mercedes de cor preta abandonando o edifício em direção à residência do cônsul-geral saudita.

Segundo a televisão turca NTV, as autoridades consulares deram a tarde livre aos funcionários turcos do consulado naquele dia, afirmando que iria se realizar uma reunião. Os funcionários saíram à hora do almoço, pouco antes de Khashoggi entrar, segundo a televisão.

PJ/rtr/afp/ap/lusa

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