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EUA e Rússia renovam cooperação espacial

15 de julho de 2022

Apesar de divergências quanto à guerra na Ucrânia, Washington e Moscou concordaram em seguir com voos em parceria para levar astronautas e cosmonautas à Estação Espacial Internacional. Próxima viagem ocorre em setembro.

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Foto da ISS com a Terra ao fundo
ISS foi projetada para ser operada em conjunto pelas agências espaciais dos EUA, Rússia, Europa, Japão e CanadáFoto: akg-images/picture alliance

A Rússia e os Estados Unidos chegaram a um acordo nesta sexta-feira (15/07) para retomar os voos compartilhados para a Estação Espacial Internacional (ISS), enquanto Washington e Moscou trocam farpas sobre a guerra na Ucrânia.

"Para garantir a continuidade das operações seguras da Estação Espacial Internacional, proteger a vida dos astronautas e garantir a presença contínua dos EUA no espaço, a Nasa retomará as tripulações integradas nas naves tripuladas dos EUA e da Soyuz russa", disse a agência espacial americana em comunicado.

Sob o acordo, os astronautas dos EUA viajarão na espaçonave russa Soyuz e os cosmonautas russos poderão embarcar nos foguetes SpaceX lançados da Flórida.

"O acordo atende aos interesses da Rússia e dos EUA", informou também a agência espacial russa Roscosmos.

Segundo a Nasa, a ISS foi projetada para ser operada em conjunto com a participação das agências espaciais dos Estados Unidos, Rússia, Europa, Japão e Canadá.

"Nenhuma agência tem a capacidade de funcionar de forma independente das outras", acrescentou.

Dois astronautas americanos viajarão a bordo do foguete russo Soyuz em duas missões, a primeira delas programada para setembro, partindo do Cazaquistão. Por sua vez, dois cosmonautas russos embarcarão pela primeira vez nos foguetes SpaceX, partindo da Flórida.

Cosmonautas na ISS
Cosmonautas russos e astronautas americanos trabalham juntos na ISSFoto: NASA/dpa/picture alliance

Putin demite chefe do programa espacial

No início desta semana, a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou o encerramento da parceria com a Rússia na missão ExoMars, para colocar um rover em Marte.

O chefe do programa espacial russo, Dmitry Rogozin, um fervoroso defensor da guerra na Ucrânia, ficou irritado com a ESA e proibiu os cosmonautas da ISS de usarem um braço robótico fabricado na Europa.

Nesta sexta-feira, horas antes da parceria com a Nasa ser retomada, Rogozin foi demitido do cargo, que ocupava desde 2018. Não ficou claro se a demissão teve relação com a cooperação entre os EUA e a Rússia ou com a irritação com a Europa. Rogozin está na lista de sanções dos EUA desde 2014, quando Moscou anexou unilateralmente a região ucraniana da Crimeia.

Voos em parceria

Desde que os Estados Unidos suspenderam os ônibus espaciais em 2011 até o primeiro voo da empresa privada SpaceX para a ISS em 2020, o programa americano foi forçado a enviar astronautas americanos à ISS comprando assentos a bordo dos foguetes da agência espacial russa.

O último astronauta a viajar a bordo de uma Soyuz foi o americano Mark Vande Hei, em abril de 2021. Ele voltou quase um ano depois em um foguete russo, quando a guerra na Ucrânia já havia começado. Ao retornar à Terra, ele declarou que os cosmonautas russos continuam "amigos" apesar das tensões diplomáticas entre os dois países.

Os Estados Unidos impuseram sanções drásticas a Moscou, apoiadas por vários países do Ocidente que afetam em parte a indústria aeroespacial russa.

le (AFP, AP)