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EUA descartam atuação estrangeira em "síndrome de Havana"

2 de março de 2023

Relatório da inteligência americana afirma que há diferentes causas para as anomalias de saúde que afetaram diplomatas em embaixadas dos Estados Unidos em diversos países.

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Embaixada dos EUA em Havana, em Cuba
Primeiros casos surgiram da "síndrome de Havana" em CubaFoto: picture-alliance/AP Photo/D. Boylan

A inteligência dos Estados Unidos concluiu que a chamada "síndrome de Havana" não foi causada por um adversário estrangeiro, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (01/03). Não foram encontradas evidências de que países adversários dos EUA tivessem arma ou qualquer dispositivo capaz de causar o conjunto de problemas de saúde, como tonturas e náuseas, sofrido por diplomatas americanos em todo o mundo. 

A síndrome misteriosa apareceu pela primeira vez em 2016, após dezenas de diplomatas da embaixada dos Estados Unidos em Havana terem apresentado sintomas como enxaqueca, náusea, lapsos de memória, fadiga e vertigem. Alguns perderam a audição.

Na época, o incidente levou os EUA a retirarem metade de seus funcionários da embaixada. O então presidente Donald Trump acusou o governo de Cuba de estar por trás dos supostos ataques, mas Havana sempre negou as acusações.

Nos anos seguintes, diplomatas e funcionários do governo americano e familiares que moram em outros países também enfrentaram os sintomas. Casos foram registrados em Viena, Paris, Genebra, Bogotá e Hanói. Especialistas levantaram diversas hipóteses para a síndrome, incluindo radiação de micro-ondas e pesticidas.

O relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Conselho Nacional de Inteligência, que reúne várias agências americanas, concluiu que é "altamente improvável que um adversário estrangeiro tenha sido responsável pelas anomalias de saúde".

Diferentes causas

Segundo o jornal americano Washigton Post, sete agências de inteligência trabalharam na revisão de mais de mil casos registrados em 96 países. Foram analisados documentos confidenciais e literatura científica e médica para determinar, em última análise, que não há "nenhuma prova crível de que um adversário estrangeiro tenha uma arma ou dispositivo" capaz de causar os problemas de saúde.

Também encontra "limitações metodológicas" nos relatórios médicos que desenvolveram a teoria da "síndrome de Havana". "Os sintomas da equipe dos EUA foram provavelmente o resultado de fatores que não envolvem um adversário estrangeiro, tais como condições pré-existentes, doenças convencionais, ou fatores ambientais", observa o documento.

As conclusões apontam para diferentes causas dos casos investigados, que vão de fatores ambientais a doenças não diagnosticadas, sem que tenha sido identificada uma causa única comum para a maioria dos registros. 

Em entrevista coletiva, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, explicou que "não existe um denominador comum" entre todos os afetados, já que alguns casos podem ser explicados por "causas naturais", outros por "efeitos ambientais" e alguns ainda não foram determinados.

Apoio às vítimas

Contudo, Price frisou que o governo chefiado pelo presidente Joe Biden continua empenhado em continuar prestando os cuidados de saúde necessários aos trabalhadores ainda afetados por essas doenças.

Mais de 200 diplomatas dos EUA e as suas famílias destacadas em diferentes países sofreram sintomas da chamada "síndrome de Havana", como tonturas, náuseas, problemas auditivos ou enxaquecas.

Em janeiro do ano passado, a Agência Central de Inteligência (CIA) já tinha excluído a possibilidade de o desconforto descrito ser o resultado de uma campanha liderada por um país inimigo como a Rússia, ao contrário do que tinha sido especulado.

cn/md (EFE, Lusa, DW)