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Estudo revela como o mundo vê a Alemanha em tempos de covid

Stefan Dege
9 de julho de 2021

Cultura e economia são fortes; acesso estrangeiro às universidades alemãs poderia ser melhor; populismo e extremismo são grande perigo; reação à primeira onda do coronavírus foi exemplar: esses foram alguns resultados.

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Foto combinando máscaras médicas e bandeira e brasão da Alemanha
Foto: Bildagentur-online/Ohde/picture alliance

Para o relatório Aussenblick (Olhar de fora – Perspectivas internacionais sobre a Alemanha em tempos de covid-19), foram consultados mais de 620 especialistas de 37 países, das áreas de cultura, ciência e cooperação internacional. Com 50 deles realizaram-se em seguida entrevistas mais aprofundadas.

O estudo foi uma iniciativa conjunta de três organizações nacionais de intercâmbio: o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), o Instituto Goethe e a Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ). Por ocasião da apresentação nesta quinta-feira (08/07) em Berlim, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, definiu o resultado como "um fascinante instantâneo, com respostas em parte esperadas, mas também surpreendentes".

As opiniões coletadas servem como confirmação para o atual engajamento e como incentivo para o engajamento futuro, enquanto "os comentários críticos devem ser incentivo para trabalharmos em melhorias", comentou em mensagem de vídeo a chefe de governo, agradecendo "de coração" às organizações envolvidas por seu trabalho.

Jovens de traje típico festejam Oktoberfest
Certo está: país é bem mais do que OktoberfestFoto: picture-alliance/F. Diemer

De fato: o documento de 120 páginas pode ser lido como uma lista de tarefas para o futuro governo alemão, a ser eleito em setembro. Como consta do prefácio, a meta do estudo foi "uma comparação entre as percepções própria e alheias".

"Compilamos as diferenciadas imagens de fora de peritas/os em Alemanha e seus comentários argutos, para assim identificarmos pontos cegos e calibrarmos posicionamentos conhecidos e métodos de solução de problemas", explicam os signatários do texto: a porta-voz da diretoria da GIZ, Tanja Gönner, o secretário-geral do Instituto Goethe, Johannes Ebert, e o do DAAD, Kai Sicks.

Letreiro "CO2" em chamas, com Portão de Brandemburgo ao fundo
Sociedade alemã se interessa pelo meio ambiente, mas engajamento prático das empresas é insuficienteFoto: Jörg Carstensen/dpa/picture alliance

Economia e cultura x extremismo e passado colonialista

Na prática, os resultados não surpreendem muito. O país ganha pontos sobretudo em força econômica, estabilidade democrática e poder irradiador cultural. Em contrapartida, os participantes veem necessidade de avanços na digitalização, no clima de inovação e no acesso às instituições nacionais de ensino superior.

Eles atestam um grande interesse da sociedade nos temas de meio ambiente, porém entre as empresas a proteção ambiental deixa a desejar. Além disso, criticam o fato de a Alemanha não se ocupar suficientemente de seu passado colonialista.

A aumento das tendências populistas e extremistas é visto como um dos maiores riscos para o país. Os especialistas consultados registram, ainda, um decréscimo da receptividade nos últimos anos, resultando numa forte sensação de não serem bem-vindos.

O país deveria assumir uma posição mais definida no palco internacional, mas sem uma postura dominadora. No campo da política externa, será decisiva a forma como ele age no campo de tensões entre China, Estados Unidos e Rússia, ao mesmo tempo que se impõe por uma Europa forte.

Cartaz com medidas anti-covid à entrada do teatro Berliner Ensemble
Decisão de manter apoio financeiro a teatros e museus durante a pandemia despertou respeito internacionalFoto: Annegret Hilse/Reuters/dpa/picture alliance

Conclusões práticas

De modo geral, o país poderia intensificar ainda mais seu intercâmbio internacional nos setores de pesquisa, ciência, arte ou filme, sugerem os participantes da análise. "A Alemanha continua sendo vista como uma nação cultural de força irradiadora internacional", resume Ebert, o secretário-geral do Instituto Goethe.

"O fato de teatros e museus terem sido apoiados também na pandemia, com grande empenho financeiro, é visto como um claro comprometimento da sociedade para com o valor da cultura." Dessa maneira, foram objeto de especial reconhecimento as relações culturais e científicas alemãs, com sua abordagem cooperativa.

O Olhar de fora também abordou a gestão da pandemia de covid-19 no país. O procedimento oficial no começo de 2020 recebeu notas máximas. Na segunda onda do coronavírus, contudo, despertou perplexidade a lentidão no lançamento da campanha de vacinação, assim como a falta de disposição da população em se ater às regras antipandemia.

A GIZ, o DAAD e o Instituto Goethe pretendem tirar conclusões práticas do estudo: "A virada digital desempenha um papel crescente em nosso trabalho", constatou Tanja Gönner. "Nós cuidamos intensivamente de aplicar e ampliar nossa influência formadora."

O secretário-geral do DAAD, Sicks, frisou o "desejo de talentos internacionais de um acesso mais fácil ao sistema de ensino alemão". E Ebert vê ainda mais legitimada a função de seu instituto de "seguir desenvolvendo e fortalecendo" as ofertas de ensino do idioma alemão no país e no exterior.