Ex-bolsistas da Fundação Humboldt ocupam posições de liderança
4 de abril de 2012Ao chegar ao Aeroporto de Frankfurt, Obidiegwu se deu conta de que algo iria mudar em sua vida. Mesmo não habituado a nova língua, lugar e comida, ele se acostumou rápido com as novas circunstâncias. Quatro meses num curso de línguas no Instituto Goethe na cidade de Bonn, um apartamento para ele e sua mulher em Colônia e quanto à comida, segundo Jude, acha-se arroz em todo lugar. Além, disso, ele já começou a gostar da comida alemã.
E nesse ponto também estão as batatas alemãs. Porém elas não se encontram somente em seu prato do almoço, mas também cortadas em fatias sob a lente do microscópio ou numa placa de Petri.
Todo dia o Ph.D. Jude Obidiegwu trabalha com seu jaleco branco no laboratório do Instituto Max Planck de Colônia e examina o tubérculo predileto dos alemães. Ele chegou em março de 2011 como bolsista de pesquisa da Fundação Alexander von Humboldt. "Eu sou realmente privilegiado por ter recebido essa bolsa de estudos", disse Jude. "Assim posso expandir meus conhecimentos e ampliar minha rede acadêmica. "
Posições de liderança
Seguindo a tradição daquele que serviu de inspiração para o nome da fundação, o famoso naturalista e aventureiro Alexander von Humboldt, o objetivo da fundação é construir pontes entre a pesquisa e a aprendizagem.
A cada ano, são concedidas cerca de 800 bolsas de estudo para cientistas altamente qualificados de todas as partes do mundo, em todas as disciplinas. E com sucesso, de acordo com o estudo feito pela fundação cerca de 80% dos alunos conseguem posições acadêmicas.
Os "humboldtianos", como esses 25 mil pesquisadores se autodenominam, ocupam atualmente posições de liderança ao redor do mundo – em primeira linha em instituições de ciência e pesquisa, mas também na política, cultura e indústria.
Jude também espera construir uma carreira em seu país natal. Em 2010 o nigeriano fez seu doutorado em melhoramento genético de vegetais no Instituto Internacional de Agricultura Tropical, em Abada, e passará no total dois anos pesquisando no Instituto Max Planck. Lá ele analisa como reconhecer se o tubérculo é resistente ao fungo causador da verrugose da batata, de modo que os agricultores saibam de antemão se a colheita será produtiva.
Um lugar para a aprendizagem
De acordo com Jude, na Nigéria a ciência não é competitiva na comparação internacional. Em muitos lugares falta a expertise científica para criar uma verdadeira mudança ou competitividade. "Eu vim para a Alemanha para absorver o máximo de conhecimento possível, para repassar aos meus colegas nigerianos", diz Jude.
Ele é um dos 200 nigerianos, que conseguiram até hoje fazer suas pesquisas na Fundação Humboldt. A maior parte dos bolsistas nigerianos é da área de pesquisa agrícola, como Jude. Isso não é de se admirar, diz o nigeriano de 36 anos. "A Nigéria é o país com a maior população da África e a questão da segurança alimentar desempenha um papel importante para nós".
Klaus Manderla, do departamento de Apoio e Parcerias da Fundação Alexander von Humboldt, considera que é uma tarefa importante apoiar os bolsistas em seu regresso. O objetivo principal não é manter cientistas estrangeiros qualificados na Alemanha, frisou. Pelo contrário, de acordo com Manderla, "seria realmente fatal, se a Alemanha tirasse os melhores profissionais dos países que mais necessitam de pessoas qualificadas". Ao todo, a Fundação Humboldt financia atualmente cerca de 1.800 cientistas com uma bolsa de pesquisa.
Olhando para o futuro da Nigéria
Jude divide o laboratório do Instituto Max Planck com três outros colegas. O espaço é um pouco apertado, mas ele não se importa. Ele não precisa de muito espaço para fazer suas pesquisas, comenta Jude. Recentemente, o departamento de Melhoramento Genético de Plantas mudou-se para novas instalações. Jude já quase terminou de mobiliar seu espaço de pesquisa. Ele gosta dos equipamentos oferecidos pelo Instituto Max Planck e todos estão diariamente à sua disposição.
Jude sonha em abrir, com ajuda da Fundação Humboldt, um laboratório em sua terra natal. "Não precisa ser tão grande como o laboratório em Colônia", diz o nigeriano.
Muitos de seus colegas que estiveram no exterior tiveram dificuldades em regressar à África, mas para Jude isso não é um problema. Com seu conhecimento ele terá muito mais influência em sua terra natal, diz o estudioso, e acrescenta "se eu conseguir facilitar a vida de um único agricultor, dando-lhe segurança em sua colheita através da minha pesquisa, isso já é gratificante o suficiente".
Autor: Diana Hodal (aks)
Revisão: Carlos Albuquerque