"Este será o ano da nossa vitória", diz Zelenski
24 de fevereiro de 2023No aniversário de um ano da guerra na Ucrânia, o presidente Volodimir Zelenski elogiou a resistência de seus compatriotas e mostrou-se confiante de uma vitória contra a Rússia.
"Em 24 de fevereiro [de 2022], milhões de nós fizeram uma escolha. Não uma bandeira branca, mas a azul e amarela. Não fugindo, mas enfrentando. Resistindo e lutando. Foi um ano de dor, tristeza, fé e união. E neste ano, permanecemos invencíveis. Sabemos que 2023 será o ano da nossa vitória!", escreveu Zelenski em uma postagem no Twitter nesta sexta-feira (24/02).
O texto foi acompanhado de um vídeo intitulado "Um ano de lágrimas", com imagens que mostram a luta dos ucranianos, ataques, túmulos de mortos na guerra, feridos e pessoas de todo o mundo que se solidarizam com a Ucrânia.
Em um discurso de 15 minutos, gravado em vídeo e divulgado nas redes sociais nesta sexta, Zelenski lembrou cidades ucranianas como Bucha, Irpin, Kherson e Mariupol como alvos das "atrocidades" russas e como "símbolos da ocupação" e de "resistência". "São as capitais da invencibilidade", afirmou Zelenski.
No vídeo, intitulado "O ano da invencibilidade", o presidente disse que a Ucrânia só vai parar quando os "assassinos russos forem punidos por um tribunal internacional, por um julgamento de Deus ou pelos nossos soldados".
O chefe de Estado ucraniano destacou também que a Ucrânia "inspirou" e "uniu" o mundo.
Ele lembrou a primeira mensagem sobre a invasão, enviada aos ucranianos há exatamente um ano. "Um ano atrás, neste dia, deste mesmo lugar, por volta das 7h, dirigi-me a vocês com uma breve declaração, de apenas 67 segundos", disse.
"Estamos prontos para tudo. Vamos derrotar todos. Foi assim que começou em 24 de fevereiro de 2022. O dia mais longo de nossas vidas. O dia mais difícil de nossa história recente. Acordamos cedo, e não dormi desde então", declarou Zelenski.
Oficiais militares ocidentais estimam onúmero de combatentes mortos em mais de 100 mil, de ambos os lados, no maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Dezenas de milhares de civis também morreram, enquanto outros milhões fugiram da ameaça de combates.
"Quase todo mundo tem pelo menos um contato em seu telefone que nunca mais atenderá", disse Zelenski. "Aquele que não responde mais a um SMS de 'Como vai?'. Essas simples palavras ganharam um novo significado durante o ano da guerra", lamentou.
Zelenski também lembrou o apoio fundamental de países de todo o mundo para sustentar a defesa ucraniana diante de um exército muito maior. "Nós nos tornamos um grande exército."
Homenagem a soldados
Na manhã desta sexta-feira, Zelenski também discursou em frente à Catedral de Santa Sofia, em Kiev. Com a roupa verde militar que se tornou seu uniforme durante a guerra, ele homenageou soldados com medalhas, informou um repórter da agência de notícias alemã DPA.
De cabeça baixa, ele também pediu um minuto de silêncio pelas muitas vítimas ucranianas da guerra. Medidas de segurança foram adotadas para o evento, que foi realizado a temperaturas abaixo de zero.
Mais homenagens, vigílias e outros eventos estão planejados em toda a Ucrânia – e também em outros países – no decorrer desta sexta-feira, para lembrar as dezenas de milhares de mortos durante a guerra.
Novos ataques russos são temidos, mas, até o fim da manhã, nenhum alarme de ataque aéreo havia soado em Kiev. Ainda assim, o governo recomendou que as escolas transferissem as aulas para a modalidade online e todos os funcionários de escritórios fossem incentivados a trabalhar de casa.
Scholz elogia determinação dos ucranianos
A resiliência do povo da Ucrânia também foi reconhecida no exterior.
A Torre Eiffel, em Paris, foi iluminada com as cores da Ucrânia – amarelo e azul.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, elogiou a determinação dos ucranianos e defendeu a linha adotada pela Alemanha. "A Rússia está travando uma guerra implacável de agressão contra a Ucrânia", disse Scholz em um discurso em vídeo.
Ele garantiu que a Alemanha apoiará pelo tempo que for necessário os ucranianos, que defendem sua liberdade com determinação e coragem.
"Qualquer um que olhe para o ano passado reconhece que o presidente russo falhou", disse Scholz. "Vladimir Putin apostou na divisão e provocou o contrário. A Ucrânia está mais unida do que nunca."
Scholz também defendeu que não são as entregas de armas do Ocidente que estão prolongando a guerra.
"Quanto mais cedo o presidente da Rússia perceber que não alcançará seu objetivo imperialista, maior a chance de que a guerra acabe logo. Está nas mãos de Putin. Ele pode acabar com esta guerra", disse Scholz.
Também nesta sexta-feira, a Otan emitiu uma mensagem em alusão ao aniversário da guerra.
"Prestamos homenagem às vidas perdidas e lamentamos o trágico sofrimento humano e a destruição, inclusive de áreas residenciais e infraestrutura civil e energética da Ucrânia, causados pela guerra ilegal da Rússia", disse a aliança de defesa.
Segundo a Otan, Moscou "não mostrou nenhuma abertura genuína para uma paz justa e duradoura". A aliança Atlântica enfatizou que continua pronta "para defender cada centímetro de território aliado."
Contraofensiva ucraniana
A Ucrânia prepara uma contraofensiva contra o Exército russo, anunciou o ministro da Defesa do governo de Kiev, Oleksi Reznikov, nesta sexta.
"Vamos atacar com mais força, a maiores distâncias, no ar, na terra, no mar e no ciberespaço. Haverá a nossa contraofensiva. Estamos trabalhando arduamente para prepará-la", disse Reznikov numa mensagem publicada no Facebook.
le/lf (Lusa, DPA, Reuters, ARD, ots)