Asilo para Kadafi
17 de abril de 2011O governo dos Estados Unidos iniciou procura intensa por um país capaz de conferir asilo para o ditador líbio Muammar Kadafi, noticiou o jornal The New York Times neste sábado (16/04).
Contudo, a lista dos candidatos a anfitrião é bastante magra, diante das ações no Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI) que se anunciam. Kadafi poderá ser processado, não só pelas atrocidades cometidas contra seu povo durante as revoltas em curso, como também pela explosão do voo 103 da PanAm, em 21 dezembro de 1988, que custou 270 vidas.
Três altos funcionários da administração Barack Obama informaram ao periódico que a atual consideração é encontrar um Estado não vinculado ao Estatuto de Roma. O tratado de 1998 compromete seus signatários a entregarem às autoridades toda pessoa indiciada pelo TPI.
Responsabilidade dos líbios
Tal cogitação abriria para Kadafi a perspectiva de ser recebido por uma nação africana, já que a metade dos Estados do continente não assinou o tratado em questão. Os EUA tampouco assinaram o Estatuto de Roma, temendo que seus oficiais militares e do serviço secreto pudessem ser submetidos à corte internacional.
Um dos funcionários entrevistados pelo The New York Times declarou: "Nós aprendemos algumas lições com o Iraque. E uma das mais importantes é: os líbios é que devem ser responsáveis pela mudança de regime, não nós. Estamos simplesmente tentando encontrar uma forma pacífica de organizar a saída [de Kadafi], se a oportunidade aparecer".
Na véspera, os presidentes Barack Obama (EUA) e Nicolas Sarkozy (França) e o primeiro-ministro britânico, David Cameron publicaram em quatro grandes jornais um artigo conjunto qualificando como impensável um futuro para a Líbia com o ditador. Os três líderes reafirmaram a intenção de manter a campanha militar junto à Otan, até que Kadafi tenha sido deposto.
A França também declarou considerar desnecessária uma nova resolução da Organização das Nações Unidas para forçar o líder líbio a renunciar. E a Alemanha sugeriu que os bens líbios congelados no Ocidente sejam transferidos à ONU, a fim de ser empregados na ajuda humanitária às vítimas do conflito.
AV/dw/rtr/afp
Revisão: Alexandre Schossler