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EsporteFrança

Entusiasmo e apreensão antecedem Jogos Olímpicos de Paris

17 de abril de 2024

Maior parte dos 10 milhões de ingressos para evento esportivo já foi vendida. Um desafio gigantesco para a capital francesa, em termos de infraestrutura e segurança. Participação de Rússia e Belarus é pomo da discórdia.

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Acendimento da chama olímpica dos Jogos de Paris 2024, na cidade grega de Olímpia, de 2.600 anos
Acesa a chama olímpica em templo na cidade grega de Olímpia, de 2.600 anosFoto: Alkis Konstantinidis/REUTERS

A contagem regressiva começou: nas ruínas do Templo de Hera, na antiga cidade de Olímpia, no sudoeste da Grécia, com 2.600 anos de existência, foi acesa nesta terça-feira (16/04) a chama olímpica para os Jogos de Paris. De 26 de julho a 11 de agosto, apresentam-se na metrópole europeia 10.500 atletas de 32 categorias, vindos de 206 países.

Quais são as precauções de segurança?

Estarão diariamente de prontidão até 45 mil policiais e gendarmes, assim como 18 mil soldados e 20 mil seguranças particulares. Além disso, mais de 2 mil policiais estrangeiros observam os Jogos Olímpicos, entre os quais agentes da Polícia Federal da Alemanha. Após o atentado por terroristas islamistas em Moscou, em fins de março, com mais de 140 mortos, também na França vigora alerta máximo antiterrorismo.

A cerimônia de abertura já será um gigantesco empreendimento logístico para as forças de segurança: estima-se que mais de 300 mil espectadores vão assistir aos esportistas atravessarem seis quilômetros da metrópole sobre o rio Sena, em 160 barcos.

"Podemos fazê-lo e vamos fazê-lo", declarou o presidente Emmanuel Macron. Caso se anuncie uma ameaça terrorista aguda, há planos alternativos na gaveta, como realizar a festa de abertura num estádio esportivo.

Como os Jogos Olímpicos vão afetar o dia a dia parisiense?

A incerteza da situação mundial – sobretudo com a guerra de agressão russa na Ucrânia e a ameaça de escalada no Oriente Médio – compromete o entusiasmo em torno dos Jogos Olímpicos. Ainda assim, a capital francesa se prepara para receber mais de 15 milhões de visitantes. Já foram vendidos quase 8 milhões de ingressos para os diferentes eventos, dos 10 milhões disponíveis.

Operários em obra de construção, com Torre Eiffel ao fundo.
Capital francesa se prepara para receber cerca de 15 milhões de turistasFoto: Guillaume Baptiste/AFP/Getty Images

A infraestrutura parisiense será testada até o limite. Clément Beaune, até a reformulação do governo em janeiro de 2024 ministro dos Transportes, classificou como "hardcore" os planos para organizar a mobilidade. De fato, haverá diversas barricadas de segurança e desvios, sobretudo em torno da Torre Eiffel e da Praça da Concórdia, no centro da cidade. Algumas estações de metrô ficarão fechadas.

O fato de que os bilhetes de metrô custarão o dobro do preço normal durante o torneio não contribui para o entusiasmo dos moradores em relação aos Jogos. Numa enquete do instituto Odoxa, 44% dos parisienses classificaram o acolhimento do evento esportivo como "uma coisa ruim".

Rússia e Belarus participam dos Jogos Olímpicos 2024?

Em dezembro de 2023, o Comitê Olímpico Internacional (COI) liberou com restrições a participação de atletas individuais da Rússia e de Belarus, que deverão concorrer sob bandeira neutra. Times não são permitidos.

Os hinos nacionais de ambos os países não serão executados; bandeiras e outros símbolos nacionais estão proibidos; os participantes ativos estão excluídos da cerimônia de abertura. Além disso, não podem ter conexões com as Forças Armadas ou órgãos de segurança, nem ter manifestado apoio ativo à invasão da Ucrânia.

Segundo o COI, até agora só se qualificaram 12 russos e cinco belarussos – números que poderão chegar a até 36 e 22, respectivamente. Em Tóquio 2021, havia 330 russos e 104 belarussos. Na semana anterior ao acendimento da chama olímpica, a Ucrânia exigiu mais uma vez a total exclusão da Rússia e Belarus.

Equipe alemã na abertura dos Jogos Olímpicos 2021, em Tóquio
Jogos Olímpicos em 2021 foram um sucesso, apesar da pandemia de covid-19Foto: Dylan Martinez/Getty Images

Que pressões pesam sobre o COI devido à decisão sobre Rússia e Belarus?

"Sim, é possível competir duro e, ao mesmo tempo, conviver pacificamente sob o mesmo teto", comentou o presidente do COI, Thomas Bach, na antiga cidade grega, ao acender a chama olímpica para os Jogos de Paris.

Apesar de enfatizar sem cessar os efeitos do esporte para a amizade entre os povos, o próprio dirigente alemão está atravessando tempos turbulentos, pois as decisões do COI sobre Rússia e Belarus o expuseram a hostilidades de diversos lados.

Uma porta-voz do Ministério russo do Exterior o acusou de "racismo e nazismo"; enquanto o ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, alega que o Comitê teria dado ao Kremlin "luz verde para usar os Jogos Olímpicos como arma". E a ONG alemã Sociedade para os Povos Ameaçados tachou Bach de "dinossauro incapaz de aprender".

O COI dá total respaldo a seu presidente, rechaçando as críticas. Como o mandato de Bach se encerra em 2025, estes seriam seus últimos Jogos. Alguns membros da organização reivindicam uma alteração dos estatutos, para que o alemão de 70 anos possa continuar chefiando por mais quatro anos. Ele próprio disse que só decidirá depois do evento em Paris.