Empresa de energia alemã exigirá compensação de ativistas
21 de janeiro de 2023A empresa de energia alemã RWE planeja buscar um ressarcimento de manifestantes que protestaram na vila de Lützerath, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, contra a expansão de uma mina de carvão.
"Claro, todos os disruptores devem esperar uma reclamação por danos", alertou o porta-voz da RWE, Guido Steffen, na edição deste sábado (21/01) do jornal Neue Osnabrücker Zeitung.
Steffen, porém, disse que não poderia citar valores, pois a extensão dos danos ainda não está clara. Segundo a RWE, os protestos causaram prejuízos consideráveis, incluindo em veículos e equipamentos da empresa. Além disso, de acordo com a RWE, poços e subestações também foram danificados.
A mídia local informou que cerca de 500 queixas criminais foram registradas em conexão com os despejos de Lützerath.
Segundo informações do jornal, a RWE anunciou recentemente que vai processar, por outro caso, uma pessoa em 1,4 milhão de euros, por ter se acorrentado a trilhos em 2021, obrigando o desligamento temporário da usina de carvão de Neurath.
Motivo dos protestos
Centenas de habitantes de Lützerath foram reassentados para que a vila fosse demolida, a fim de abrir caminho para a expansão, por parte da RWE, da mina de linhito a céu aberto Garzweiler.
Há meses, ativistas climáticos que se opõe à medida e ao uso de carvão protestam no local. No dia 14 de janeiro, 15 mil pessoas, segundo a polícia, protestaram no local, com alguns ativistas impedindo a demolição. Houve confronto com os agentes de segurança e dezenas de pessoas ficaram feridas – entre manifestantes e policiais.
Em resposta, a polícia montou uma operação de desocupação completa do local. Na segunda-feira, os dois últimos ativistas deixaram a vila.
A ativista climática sueca Greta Thunberg juntou-se aos protestos no sábado passado e chegou a ser detida pela polícia na terça-feira, perto de Lützerath.
Ao discursar no local, ela declarou que "é uma vergonha que o governo alemão firme acordos e compromissos com empresas como a RWE", se referindo à empresa alemã de energia que tem os direitos de exploração do solo em Lützerath.
Demolição da vila
A gigante de energia RWE tem a intenção de destruir Lützerath para extrair linhito localizado embaixo da área. As atividades de mineração deverão ser retomadas nos próximos meses.
Ativistas climáticos argumentam que a vila e outras próximas não devem ser demolidas e o carvão sob elas deve ser deixado no solo e que a queima do linhito prejudica os esforços da Alemanha para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O governo alemão, por sua vez, alega que o país precisaria aumentar o uso de carvão para lidar com qualquer potencial escassez de suprimentos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A RWE argumenta que o carvão na área é necessário para abastecer centrais durante os meses de inverno.
A empresa recebeu permissão para expandir a mina de linhito, após firmar um acordo com o governo alemão que garantiu a preservação de cinco vilarejos vizinhos a Lützerath. Além disso, a RWE se comprometeu a encerrar a produção de energia a partir do carvão no leste da Alemanha até 2030, oito anos antes do prazo previsto.
O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde, disse em junho do ano passado que o aumento da queima de carvão era "amargo", mas "simplesmente necessário" para reduzir o uso de gás. Antes da guerra na Ucrânia, a Alemanha obtinha grande parte de seu gás da Rússia.
le (AFP, DPA, AFP, ots)