Empresa alemã atestou que barragem era "estável"
26 de janeiro de 2019A barragem da mineradora Vale que rompeu na sexta-feira (25/01) em Brumadinho havia sido atestada como estável pela certificadora alemã TÜV Süd em junho e setembro de 2018. O rompimento da barragem de 86 metros de altura e 720 de cumprimento liberou 13 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e arrasou instalações da mineradora e parte de uma comunidade da cidade. O número de mortos já alcançava 34 no início da noite de sábado. O número de desparecidos é estimado em 299.
Com sede em Munique, a TÜV Süd tem 23 mil funcionários pelo mundo e é especializada na realização de trabalhos de auditoria, inspeção e testes, consultoria e certificação. As origens da empresa remontam à década de 1860, quando indústrias alemãs decidiram formar uma entidade independente para avaliar a segurança de suas instalações. As áreas de atuação da empresa incluem desde a inspeção de dutos e minas até a análise de alimentos e próteses mamárias.
No Brasil, a empresa conta com 500 empregados, além de três escritórios e um laboratório. As operações são concentradas em São Paulo. A área de engenharia geotécnica da empresa no Brasil atua especialmente no gerenciamento de áreas contaminadas e no desenvolvimento de projetos para a desativação de ativos de mineração, como barragens de rejeitos.
Segundo o presidente a Vale, a TÜV Süd havia inspecionado a Barragem I da mina Córrego do Feijão – que rompeu na sexta-feira – em 13 de junho e 26 de setembro do ano passado como parte dos processos de Revisão Periódica de Segurança de Barragens e Inspeção Regular de Segurança de Barragens. Além de atestar a estabilidade da estrutura, a certificadora, segundo a Vale, apontou que a barragem apresentava baixo risco.
Oficialmente, a barragem não recebia novos rejeitos há três anos e estava em processo de desativação. A estrutura foi construída em 1976 pela antiga mineradora Ferteco Mineração, que já foi a terceira maior companhia produtora de minério de ferro do Brasil e pertenceu ao grupo alemão ThyssenKrupp. A barragem e a mina passaram para a Vale em 2001, quando a Ferteco foi vendida.
Contatada para comentar sobre o rompimento da barragem e seu papel na avaliação da estabilidade da estrutura, um porta-voz TÜV Süd confirmou que a empresa realizou essa inspeção e afirmou que "segundo o que temos conhecimento até o momento, nenhum dano foi encontrado". O porta-voz também afirmou que pretende disponibilizar documentos que venham a ser exigidos pelas autoridades responsáveis pelas investigações, mas não deu maiores detalhes sobre os métodos de inspeção da empresa. A TÜV Süd afirmou que vai apoiar totalmente as investigações.
JPS/afp/rt/ots
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