Em meio à crise de refugiados, Merkel volta a perder apoio
4 de fevereiro de 2016As políticas de migração da chanceler federal alemã, Angela Merkel, fizeram o índice de aprovação do governo despencar para o nível mais baixo desde agosto de 2011, segundo pesquisa divulgada pela emissora ARD nesta quarta-feira (03/03).
Dos entrevistado na enquete, realizada entre os dias 1º e 2 de fevereiro, apenas 46% apoiam a chefe de governo – uma queda de 12 pontos percentuais ante janeiro deste ano. Em abril de 2015, antes de a crise migratória se instaurar, o índice chegava a 75%.
A pesquisa também apontou que 81% dos entrevistados não concordam com a forma que Merkel tem lidado com o afluxo de refugiados e acreditam que o governo perdeu o controle sobre a situação.
Apesar da insatisfação com o governo, muitos alemães apoiam o asilo a requerentes: 94% são a favor de acolher refugiados de regiões em guerra, e 73% afirmaram que a Alemanha deve receber aqueles que enfrentam perseguição política ou religiosa em seus países. A maioria dos entrevistados (71%), no entanto, é contra o asilo a migrantes que fogem da pobreza.
Além disso, 63% é a favor de se impor um limite ao número de requerentes de asilo que o país receberá em 2016 – uma sugestão que causou controvérsias quando abordada pela primeira vez pela União Social Cristã (CSU), partido aliado de Merkel.
Em 2015, a Alemanha recebeu mais de 1 milhão de refugiados. O governo tem enfrentado críticas generalizadas de um número crescente de políticos, inclusive da coalizão de governo, que pedem por um maior controle das fronteiras, além de deportações mais rápidas àqueles que não são elegíveis ao asilo.
Nesta quarta-feira, o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, veio a público defender a política de refugiados de Merkel. "Acho que fizemos a coisa certa [ao abrir as fronteiras]", afirmou.
Cenário político
A popularidade em declínio do governo também tem causado mudanças no cenário político. A União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel, perdeu 4 pontos percentuais de aprovação desde janeiro, alcançando um índice de 35%.
Cresceu, por outro lado, o apoio ao partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que terminou a pesquisa de fevereiro com 12% de aprovação, 3 pontos percentuais a mais que no mês anterior. A líder da legenda, Frauke Petry, gerou polêmica na semana passada ao sugerir que a polícia alemã atire, se necessário, nos refugiados que tentarem ingressar no país ilegalmente.
EK/dpa/rtr