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Em dialeto hamburguês, diz-se "Bom dia" sempre

Stefanie Duckstein (sm)1 de julho de 2016

O dialeto típico de Hamburgo não é o único falado na cidade portuária. Uma outra variante remete à língua escrita adotada em alguns principados antes da unificação da Alemanha.

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Deutschland Elbphilharmonie in Hamburg
Foto: picture alliance/Sven Simon/M. Ossowski

O dia já começa com um enfático Moin, Moin. De fato, isso soa como "bom dia" (Guten Morgen), lembrando a saudação em baixo alemão Morgen!, abreviada como Morn (próximo ao anglo-saxão morning) ou Moin. Mas Moin, Moin se diz de manhã, à tarde e à noite...

Na verdade, a expressão é derivada de mooi (bom, bonito), uma palavra usada no baixo alemão, holandês, flamengo e frísio. Moin Dag (Guten Tag) é "boa tarde"; a repetição Moin Moin é para enfatizar.

Apesar da familiaridade da expressão, o hamburguês não é de muitas intimidades, pelo menos de início. Mesmo dentro da Alemanha, ele tem a fama de ser reservado e formal. Mas depois de uma troca de palavras inicial no alemão clássico, não é incomum ele começar a falar em dialeto.

Tentando falar difícil

Afinal, a língua original de Hamburgo não é o alemão clássico, mas sim o chamado Plattdeutsch (baixo-alemão). Na época hanseática, os dialetos de Hamburgo e Lübeck eram a língua franca do norte da Europa, entendida da Inglaterra à Rússia. Até a Idade Moderna, o Plattdeutsch era a língua oficial de Hamburgo, falada em inúmeras variantes dialetais.

Mas o Platt de Hamburgo nem sempre é Platt de Hamburgo. N mooien Dag wünsch ik (Einen guten Tag wünsche ich = Desejo um bom dia) é uma frase em Missingsch.

Missingsch é uma mistura de alemão clássico e baixo-alemão; em outras palavras, uma espécie de tentativa fracassada do nativo de Hamburgo ou de Danzig (hoje Gdansk, Polônia) falar o alemão padrão.

Esperando no jardim

Missingsch não vem de "Mischung" (mistura), mas sim de Meissnisch ou Meissnerisch, ou seja, a língua escrita adotada por diferentes principados antes da unificação da Alemanha. Esta padronização foi feita após as chancelarias terem desistido pouco a pouco do latim como idioma oficial para documentos escritos. Trata-se da chamada "língua de chancelaria de Meissner", para qual Lutero traduziu a Bíblia.

Por Hamburgo passa uma linha imaginária determinada pelo Alster. Este rio, que atravessa a cidade e forma um lago no centro, funciona como uma fronteira sociolinguística.

Alsterarkaden Hamburg Archiv 2004
Foto: picture-alliance/dpa/Patrick Lux

Os habitantes do bairro rico de Blankenese, cuja vida tem um charme aquático por causa da proximidade do Rio Elba, "esperam no jardim" (warchten im Garchten = warten im Garten), quando combinam de se encontrar com alguém. Já os moradores do bairro de Barmbeck, do outro lado, esperam no jardim de outro jeito: Sie waaten im Gaaten.

Engolindo o L e o R

Mas mais importante que a separação leste e oeste dentro de Hamburgo é a chamada linha de Benrath, de Aachen, no oeste, a Frankfurt do Oder, no leste. Ao norte desta fronteira, se fala o Plattdeutsch, e, ao sul, o alemão padrão. No sul, "gato" é Katze; no norte, é Kat (o que deixa reconhecer mais uma vez a proximidade do anglo-saxão).

Dialeto para cá e para lá, em Hamburgo também se fala o alemão clássico, é claro, apesar de algumas peculiaridades. Muitos hamburgueses separam nitidamente o "s" de outras consoantes, em palavras como S-tein ("pedra") ou S-patz ("pardal"). Eles também costumam engolir o "r" e o "l", falando Miich em vez de Milch ("leite") e Kiiche em vez de Kirche ("igreja").