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Em Brasília, Lula prega harmonia entre os Poderes

10 de novembro de 2022

Presidente eleito diz que não vai interferir nas eleições das duas Casas do Congresso, faz acenos ao Centrão e critica manifestantes golpistas. Ele se reuniu com líderes da Câmara, do Senado e ministros do STF.

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Luiz Inácio Lula da Silva fala em um microfone com dedo em riste
"Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente do Senado ou da Câmara", disse Lula em BrasíliaFoto: Evaristo Sa/AFP

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com lideranças do Legislativo e do Judiciário nesta quarta-feira (09/11) e afirmou que seu governo terá como objetivo restaurar a harmonia entre os Poderes.

Ele também criticou os manifestantes que bloquearam ilegalmente estradas em diferentes pontos do país e disse que é necessário averiguar quem estaria financiando os protestos.

Lula se reuniu por cerca de duas horas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do chamado Centrão, que vinha sendo um forte aliado do governo de Jair Bolsonaro.

PEC da Transição

Lula disse a Lira que não pretende interferir nas eleições para a presidência das Casas do Congresso, em um gesto que pode praticamente garantir a reeleição do atual presidente da Câmara e angariar o apoio de parte significativa dos parlamentares do Centrão, possivelmente, ampliando a base parlamentar de Lula.

Em contrapartida, Lira trabalharia para viabilizar a chamada PEC da Transição, que vem sendo elaborada no intuito de permitir que o novo governo possa obter as verbas necessárias para os projetos considerados essenciais e cumprir algumas promessas feitas por Lula durante a campanha.

Em seguida, Lula almoçou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), favorito para se reeleger à presidência da Casa em 2023, com o apoio do novo governo.

"Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os 600 reais do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo, e os programas sociais necessários para a população mais carente do país", escreveu Pacheco em suas redes sociais, após o encontro.

"Convivência normal entre instituições"

Acompanhado de seu vice, Geraldo Alckmin, Lula foi recebido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), onde reforçou o desejo de paz entre os Poderes. Segundo o senador eleito Flavio Dino (PSB-MA), que esteve presente na reunião, o presidente eleito discutiu a participação do STF em debates em torno das questões ambientais e do desarmamento.

Após as reuniões, Lula falou com jornalistas e pregou a harmonia entre os Poderes. "Eu me candidatei com o compromisso de que é possível resgatar a cidadania do povo brasileiro, de que é possível a gente recuperar a harmonia entre os poderes, de que é plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras. Instituições que foram atacadas, que foram violentadas pela linguagem nem sempre recomendável de algumas autoridades ligadas ao governo", afirmou o presidente eleito.

Lula criticou as manifestações golpistas realizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro desde a derrota nas urnas, com a realização de bloqueios ilegais em estradas pelo país.

"Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor que aquilo que nós merecíamos ter de votos. Eu acho que é preciso detectar quem é que está financiando esses protestos, que não têm pé nem cabeça. Ofensas a autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal."

Aceno ao Centrão

O petista confirmou que não tem intenção de interferir nas eleições para as lideranças das duas Casas do Congresso, e justificou sua aproximação com o Centrão.

"O governante tem que ter clareza de que tem que lidar com as pessoas que foram eleitas. Temos que convencer das coisas importantes para o país. Não tem que olhar o Congresso e 'ah, o Centrão'. O Centrão é um conjunto de partidos que temos que conversar e tentar convencer das nossas propostas", afirmou.

"Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente do Senado ou da Câmara. Ou seja, quem vai decidir quem será o presidente das Casas serão senadores e deputados. O papel do presidente da República não é gostar ou não de presidente, é conversar com quem dirige a instituição", disse o presidente eleito.

rc (ots)