Eleição na Turquia será decidida no segundo turno
15 de maio de 2023A disputa pela presidência na Turquia será decidida no segundo turno, após o presidente Recep Tayyip Erdogan obter na primeira rodada da votação quantidade de votos pouco abaixo do patamar de 50%.
Com 99,85% dos votos apurados até a manhã desta segunda-feira (15/05), Erdogan somava 49,5% contra 44,89% do líder oposicionista Kemal Kilicdaroglu, informou o Alto Comissariado Eleitoral do país. O comparecimento às urnas foi alto, com 88% de participação dos eleitores.
O terceiro candidato mais votado foi o nacionalista Sinan Ogan, que recebeu 5,2% e poderá ser o fiel da balança no segundo turno, caso decida apoiar um dos candidatos.
O resultado da eleição é encarado como um referendo sobre os 20 anos de governo de Erdogan e crucial para o futuro político da Turquia. Em duas décadas, o líder turco deu uma guinada autoritária e conservadora-religiosa no país de 85 milhões de habitantes, que também se afastou do Ocidente e se aproximou da Rússia.
"Sentimos falta da democracia", declarou o opositor Kilicdaroglu, de 74 anos, com um sorriso neste domingo, ao votar. "Vocês vão ver. A primavera vai voltar para este, se Deus quiser, e vai durará para sempre", acrescentou, referindo-se a um de seus "slogans" de campanha.
Erdogan adotou um tom vitorioso após a votação. Em discurso a apoiadores na sede de sua legenda, o islâmico-conservador Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), ele afirmou que "o vencedor foi, sem dúvida, o nosso país”.
A Aliança Popular liderada pelo AKP caminhava para assegurar a maioria no Parlamento, o que pode representar uma vantagem para Erdogan no que diz respeito ao segundo turno.
Frustração para oposição e ativistas
Antes da votação, algumas projeções colocavam a oposição com vantagem apertada sobre Erdogan. Na sexta-feira, duas pesquisas de opinião colocavam a coalizão de seis partidos de oposição liderada por Kilicdaroglu com mais de 50% da preferência dos eleitores.
O resultado deste domingo frustrou as expectativas dos opositores, que esperavam se beneficiar da revolta de grande parte da população com as políticas econômicas do governo.
Recentemente, a política econômica volátil de baixas taxas de juros do governo desencadeou uma espiral de crise do custo de vida e inflação. A resposta lenta de seu governo a um terremoto devastador em fevereiro no sudeste da Turquia, que matou 50 mil pessoas, também aumentou a insatisfação entre os eleitores.
A perspectiva de Erdogan iniciar sua terceira década à frente do governo também desagrada grupos de defesas dos direitos civis que pedem reformas para reverter o que consideram danos causados à democracia no país durante os últimos 20 anos. Muitos esperam que milhares de prisioneiros políticos e ativistas venham a ser libertados se a oposição vencer o segundo turno.
A eleição turca é acompanhada de perto por Europa, Estados Unidos e Rússia, além de toda a região do sul europeu e Oriente Médio, onde Erdogan reforçou o poder de seu país ao estreitar os laços com Moscou. Membro da Otan, a Turquia de Erdogan se afastou e manteve relações tensas com aliados, como os EUA e a Alemanha nos últimos anos.
Em 2018, na última eleição presidencial, Erdogan venceu no primeiro turno com mais de 52,5% dos votos.
rc/md (Reuters, DW)