Economia é palavra de ordem no futebol alemão
24 de julho de 2002Os 18 clubes que fazem parte da primeira divisão não pretendem ficar de braços cruzados frente à nova e inevitável realidade da temporada 2002/2003: o corte drástico na receita proveniente do uso da imagem dos jogos do Campeonato Alemão. A redução foi forçada pela falência do Grupo Kirch, que detém os direitos de transmissão.
O dinheiro pago pelas emissoras de TV é uma das mais importantes fontes de renda dos clubes. Embora a maioria esteja em boas condições financeiras, o perigo de que a redução nos ganhos se reflita no orçamento interno fez com que os times optassem por adotar de modo preventivo uma série de medidas de contenção de despesas.
Enxugar a folha salarial, cancelar prêmios, fazer propostas mais módicas pelo passe de jogadores e até demissões e vendas são algumas das sugestões apresentadas pelos cartolas. "O tempo da generosidade acabou", frisou o diretor do Kaiserslautern, Jürgen Friedrich.
"Com a diminuição nos ganhos, cada clube precisa calcular perdas entre 18% e 20% no orçamento", explica Wolfgang Holzhäuser, diretor financeiro do Bayer Leverkusen, garantindo que a partir de agora não existe mais tabu quando o assunto é dinheiro.
Mudança -
Até pouco tempo atrás, os clubes poliam a imagem de poderosos e evitavam divulgar medidas econômicas para não serem discriminados. Pelo visto, a situação mudou. Agora, o clube que não fizer economia é visto com certo descrédito, embora o orçamento total para esta temporada (652,7 milhões de euros) seja dez milhões de euros superior ao do ano passado (642,4 milhões de euros). O Bayer Leverkusen, que embolsou um extra de 33,8 milhões de euros por ter participado da final da Liga dos Campeões na temporada passada e está com as finanças equilibradas, não planeja adotar agora qualquer medida concreta de contenção de despesas. "Estamos observando a situação", revelou o novo diretor de Esportes, Ilja Kaenzig.O Bayer Leverkusen também lucrou cerca de 25 milhões de euros com a venda de Michael Ballack e do brasileiro Zé Roberto para o Bayern de Munique, investindo o dinheiro em seis novos jogadores.
O Bayern de Munique também está bem financeiramente. Mesmo assim, o diretor Uli Hoeness já anunciou que vai cortar algumas gratificações especiais. Já o campeão alemão, Borussia Dortmund, pretende se desfazer de pelo menos quatro jogadores e estuda a possibilidade de baixar o salário de seus craques.
Mesmo com a perspectiva de receber mais dinheiro por ter subido para a primeira divisão, o Arminia Bielefeld vai incluir uma cláusula no contrato com os futuros jogadores que prevê a adequação dos salários conforme as oscilações econômicas. "Os craques que não aceitarem a cláusula não serão contratados", disse o diretor financeiro do clube, Roland Kentsch.
A situação no Schalke é mais crítica. O clube começa a temporada 2002/2003 com uma diferença de menos 18 milhões de euros em relação ao ano passado. "Vamos economizar por todos os lados", declarou o diretor do Schalke, Rudi Assauer, que também está procurando novas fontes de receita.
Conheça o orçamento dos 18 clubes da primeira divisão do futebol alemão. Os valores são em milhões. A primeira indicação é referente à temporada 2002/2003 e a segunda relativa à de 2001/2002.
- Schalke: 80 / 98
- Bayern de Munique: 62 / 61,4
- Hamburgo: 61 /57,3
- Borussia Dortmund: 51 /51
- Hertha Berlim: 45,8 / 43,5
- Stuttgart: 35,4 / 39,1
- Werder Bremen: 40 / 38,3
- Bayer Leverkusen: 38,5 / 33,2
- Wolfsburg: 35 / 30,7
- 1860 Munique: 29 / 33
- Hansa Rostock: 25 / 25,6
- Borussia Mönchengladbach: 25 / 26
- Hannover: 25 / 20
- Kaiserslautern: 23 / 24,5
- Arminia Bielefeld: 23 / 13
- Energie Cottbus: 21 / 22,5
- Bochum: 21 / 13
- Nürnberg: 12 / 12,3