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Crise da Airbus

(gh)13 de fevereiro de 2007

Alemanha tenta impedir corte de oito mil empregos ameaçados pela reestruturação da EADS. Berlim e Paris disputam fábricas da Airbus, em crise por causa do atraso na entrega do maior avião do mundo, o A380.

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Plano de cortes na Airbus gera protestos na Alemanha e FrançaFoto: AP

A direção do grupo EADS prometeu uma "divisão justa de cortes" na Alemanha e na França para resolver a crise da subsidiária Airbus, decorrente do atraso de cinco anos na entrega do superjumbo A380. É o que disse o governador da Baixa Saxônia, Christian Wulf, após reunião com os co-presidentes da EADS, Louis Gallois e Thomas Enders, nesta terça-feira (13/02) em Berlim.

O ministro alemão da Economia, Michael Glos, também exigiu uma solução equilibrada num encontro com os dois executivos. Nas duas reuniões desta terça-feira na capital alemã, foi discutido o plano Power 8 da EADS, que prevê cortes de cinco bilhões de euros em quatro anos, o que já provocou greves na França e protestos na Alemanha.

Luta pelo poder

Os líderes políticos e os executivos não revelaram detalhes da planejada "justa distribuição de cortes". A reestruturação considerada inevitável desencadeou uma luta entre Berlim e Paris pelo poder e pela distribuição da produção da EADS.

Enquanto muitas posições-chave do grupo são ocupadas por franceses e a influência estatal francesa na empresa é exercida até mesmo pelo presidente Jacques Chirac, a Alemanha entregou sua fatia de poder à DaimlerChrysler, detentora de 22,49% das ações da EADS.

Deste total, 7,5% estão em processo de transferência por 1,5 bilhão de euros para um consórcio de investidores públicos e privados alemães. Caso a DaimlerChrysler venda também os 15% restantes, os governos francês e alemão terão de negociar um novo equilíbrio de forças no conselho de administração da EADS.

Empregos ameaçados

A Alemanha se opõe à ameaça de corte de até oito mil dos 42,9 mil empregos gerados pelo conglomerado em 28 cidades do país. Glos reiterou que Berlim "deve poder exercer sua influência" sobre o grupo europeu de aeronáutica e de defesa. "A Airbus é um produto alemão e não apenas francês", disse.

A Alemanha é contra uma transferência total da montagem do A380 de Hamburgo para Toulouse. A Airbus investiu um bilhão de euros na fábrica e, se transferisse toda a produção do superjumbo para a França, teria de pagar uma multa de 700 mil euros à cidade-Estado de Hamburgo.

Além disso, os alemães querem fabricar o A320, modelo de sucesso produzido em Toulouse. Segundo Glos, a EADS prometeu em 2000 transferir a produção deste avião para Hamburgo, onde já são fabricados o A318 e o A319. O ministro também não aceita um monopólio francês na fabricação do novo modelo A350.

"Exigimos a manutenção dos empregos na Alemanha, como centro de alta tecnologia da Airbus", disse Glos à revista Focus. "Caso contrário, teremos de rever nossas encomendas de armamentos à EADS", ameaçou. O ministro também lembrou que, sem dinheiro público alemão, não existiria a Airbus.

Busca de parceiros

"Não queremos um conglomerado controlado pelo Estado, mas que ele se estruture de forma a conseguir concorrer com a Boeing", afirmou Glos, antes do encontro com os executivos da EADS.

O governador Christian Wulf disse que o grupo EADS/Airbus pensa em procurar parceiros para salvar alguns centros de produção. "Trata-se de uma questão européia. O que está em discussão é um pedaço da Europa", afirmou.