Duelo "criador x criatura" dá largada à Bundesliga 05/06
5 de agosto de 2005Aos 33 anos, o veterano brasileiro Giovanni Élber enfrenta nesta sexta-feira (05/08), a partir das 20h30 (15h30 de Brasília), o atual campeão Bayern de Munique, clube que lhe deu projeção internacional, fama, sucesso e reconhecimento profissional. A partida acontece no imponente Allianz Arena, na capital da Baviera, e será acompanhada em tempo real pelo placar online da DW-WORLD.
O atacante defende na abertura da Bundesliga 2005/2006 as cores do Borussia Mönchengladbach, que o contratou no ano passado, após sofrer uma lesão grave na França, onde atuava pelo Olympique Lyon.
Com a camisa do time bávaro, Élber, que teve poucas chances na seleção brasileira, ergueu todos os títulos que um clube europeu pode conquistar. Foi artilheiro da temporada 2002/2003, e no sul da Alemanha marcou boa parte de seus 133 gols na Bundesliga, campeonato pelo qual já esteve 256 vezes em campo.
Élber viveu na Baviera de 1997 a 2004 depois de deixar o Brasil com 18 anos para defender o italiano Milan. Na Europa ele também atuou pelo Stuttgart e pelo suíço Grasshoppers.
"Se eu marcar um gol, vou tirar toda a minha roupa e correr pelo gramado completamente nu. Isso é uma promessa", avisou Élber. "Seria incrível vencer o Bayern em seu novo estádio", emendou.
"Ainda tenho contato com uma série de jogadores que atuaram comigo por lá, e o Salihamidzic me disse: 'Se você vier para o meu lado, irá se arrepender'. Estou curioso para ver o que irá acontecer".
>> Leia a seguir: a corrida ao título
O Bayern de Munique, atual campeão e recordista de títulos no futebol alemão, vai em busca do bicampeonato a um ano da Copa, sem grandes surpresas no elenco. O lateral Lahm, da seleção alemã, e o zagueiro Ismael, que veio do Bremen, substituem Kovac e Frings, que deixaram o clube. A principal preocupação da diretoria do Bayern, no momento, é garantir a renovação do contrato de Ballack, o cérebro do time, supostamente cobiçado por "superpotências" do futebol europeu.
O Schalke, principal desafiante do Bayern na última temporada, estréia na Bundesliga desfalcado do brasileiro Lincoln, punido com quatro semanas se suspensão, por haver cuspido no rosto de um adversário na final de terça-feira (02/08) em que conquistou a Copa da Liga Alemã contra o Stuttgart.
No mesmo jogo, seu colega e conterrâneo Kuranyi, recém-comprado do Stuttgart, foi expulso por distribuir ponta-pés, mas ainda levou sorte: cumpre suspensão de três jogos só na próxima Copa da Liga e pode jogar no domingo contra o Kaiserslautern na Bundesliga. E o Schalke precisa dele, depois da venda do passe de Ailton para a Turquia.
Berlim: pedra de tropeço?
O Werder Bremen, campeão da temporada 2003/2004, quer fechar a zaga com o "novato" brasileiro Naldo, e espera novos impulsos para o ataque do meia Frings, que recomprou do Bayern de Munique. Hertha Berlim, Stuttgart, Bayern Leverkusen (sem França, que acaba de ser vendido para o Japão, mas reforçado pelo lateral Athirson) e Hamburgo também são cotados como candidatos à disputa, pelo menos, das vagas a que a Alemanha tem direito nos próximos campeonatos europeus (Copa da Uefa e Liga dos Campeões).
Sobretudo o Berlim de Marcelinho Paraíba mostrou na última temporada que é capaz de fazer tropeçar qualquer candidato ao título. Dois clubes tradicionais estão de volta à Bundesliga, depois de amargarem a Segunda Divisão: Colônia e Eintracht Frankfurt. E, como sempre, garantem que vieram para ficar.
Cenário perfeito
Aparentemente, o cenário para a Bundesliga 2005/2006 é perfeito. Quase todos os clubes estão de estádio novo, ou completamente reformado, com vistas à Copa 2006. Com uma média de 37.809 torcedores por jogo, o Campeonato Alemão passado estabeleceu um recorde mundial de público – e este número deverá ser superado no ano que antecede o Mundial.
Após anos de estagnação, o mercado de transferências também voltou a crescer. Os 18 clubes da Primeira Divisão investiram 71 milhões de euros em 135 novos jogadores – no ano passado foram apenas 62 milhões. Os negócios ainda continuam até o final de agosto. Os gastos totais com pessoal para a temporada que começa são estipulados em cerca de 442 milhões de euros pelos clubes; 60 milhões só do Bayern de Munique.
>> Leia a seguir: a briga dos grandes clubes por mais dinheiro
Não é por nada que o Bayern de Munique reivindica o direito de comercializar por conta própria a transmissão de seus jogos pela TV. Atualmente, as emissoras privadas Premiere (canal pago) e DSF, e as redes públicas ARD e ZDF pagam por temporada cerca de 300 milhões de euros pela transmissão ao vivo ou simples uso de imagens dos jogos da Primeira e da Segunda Divisão do futebol alemão.
O presidente do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge, exige no mínimo 500 milhões de euros para continuar nesse pool. Também o Schalke e o Dortmund, que batem bola à beira do abismo – cada qual com dívidas de mais de 100 milhões de euros – "rezam" por uma chuva de dinheiro.
Pernas-de-pau em campo?
Os (grandes) clubes alemães argumentam que só assim poderiam se manter na elite do futebol europeu, onde a Alemanha caiu para o sexto lugar, atrás da Espanha, Itália, Inglaterra, França e Portugal. Em 1992, o país anfitrião da próxima Copa ainda era o número um na Europa.
Ouvindo os clamores dos "grandes", a Deutsche Fussball-Liga (DFL), entidade que congrega os clubes das duas divisões, já lançou para discussão uma cifra astronômica. "Os direitos de transmissão da Bundesliga para 2006/2007 valem um bilhão de euros", declarou o diretor executivo da DFL, Christian Seifert, nesta quinta-feira (04/08).
Como as emissoras públicas não podem esbanjar com futebol todo o dinheiro arrecadado dos lares alemães com taxas para o uso da TV, críticos já prenunciam o fim do futebol aberto a todos na Alemanha.
Mas o dinheiro parece não resolver o principal problema dos clubes alemães, como avalia o comentarista esportivo do Süddeutsche Zeitung: "A Bundesliga tem os estádios mais nobres, os gramados mais verdes, o maior número de torcedores e os cartolas mais poderosos do mundo, mas também os piores times dos últimos anos".