DNA revela que mulher que pediu exumação não é filha de Dalí
6 de setembro de 2017Exames de DNA realizados após a exumação do corpo de Salvador Dalí revelaram que a mulher que entrou com um processo de reconhecimento de paternidade não é filha do pintor catalão, anunciou nesta quarta-feira (06/09) a Fundação Gala-Salvador Dalí em comunicado.
A fundação afirmou ainda que os advogados de Maria Pilar Abel, de 61 anos, que dizia ser filha do pintor, já foram avisados sobre os resultados negativos dos testes e destacou estar feliz com o fim da "absurda” ação judicial.
"O resultado não é nenhuma surpresa para a fundação, pois em momento algum havia indícios de veracidade sobre a paternidade", acrescentou no comunicado e criticou novamente a exumação.
Abel, astróloga nascida em Figueres em 1956, alegava ser fruto de uma relação de Dalí com a mãe dela, que ele teria conhecido em Cadaqués, Girona, quando esta trabalhava como empregada de uma família que passava temporadas naquele povoado.
Para o teste de paternidade, o corpo do pintor foi exumado em meados de julho. Foram extraídas amostras de cabelo, unhas, dentes e ossos.
O corpo do pintor, falecido em 23 de janeiro de 1989, aos 84 anos, está sepultado no Teatro-Museo Dalí, em Figueres, na região de Girona, e foi exumado por decisão do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.
Genialidade e excentricidades
Nascido em 11 de maio de 1904 em Figueres numa família burguesa – seu pai era um escriturário legal – Dalí mostrou desde cedo interesse pela pintura. Em 1922, ele começou a estudar na Academia de Belas Artes de Madri, onde, apesar de duas expulsões, expressou suas primeiras ideias artísticas de vanguarda ao lado do poeta Federico García Lorca e do cineasta Luis Buñuel.
Em seguida, partiu para Paris para se juntar ao movimento surrealista, dando à escola o seu toque pessoal e alcançando fama com obras como O Grande Masturbador. Dalí também fez incursões pelo cinema.
De volta à Catalunha depois de 12 anos, convidou o poeta francês Paul Aluard e sua esposa, Elena Ivanovna Diakonova, para visitar Cadaques. Foi amor à primeira vista entre Dalí e a mulher, a quem ele deu o apelido de Gala. Ela se tornou sua musa e permaneceu ao seu lado pelo resto da vida.
Durante a Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, Dalí se refugiou na Itália. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, ele se mudou para Arcachon, no sul da costa atlântica francesa, mas foi embora quando o Exército alemão invadiu a França, em 1940. Dalí viveu exilado nos Estados Unidos até 1948, quando ele e Gala retornaram à Espanha.
Muito tempo depois, em 1982, Dalí ficou destruído – tanto em nível humano como artístico – com a morte de Gala. E após uma batalha física e mental de sete anos para dar um novo significado à sua existência, Dalí morreu numa clínica em Figueres. O pintor não teve filhos.
CN/rtr/ap/dpa