Guerra na Líbia
17 de agosto de 2011Anúncio
Após seis meses de luta, os insurgentes líbios parecem levar a guerra para uma fase decisiva, tendo conseguido nos últimos dias tomar grande parte da cidade de Sawija, localizada 50 quilômetros a oeste de Trípoli, assim como outra cidade a sul da capital. Nesta quarta-feira (17/08), tropas rebeldes atacaram soldados fiéis ao ditador Kadafi numa refinaria em Sawija, a única ainda em funcionamento no país e que abastece a capital líbia.
Os soldados de Kadafi ainda lutam para tentar retomar Sawija e o controle da principal rodovia no oeste de Trípoli. Atiradores de elite ainda se escondem nos telhados dos edifícios, e a cidade foi alvejada por foguetes e morteiros.
Uma equipe da agência de notícias Reuters que se encontra nos arredores de Sawija afirmou que a situação estava calma na manhã de quarta-feira. Médicos de um hospital da cidade disseram que três pessoas haviam sido mortas e 35 foram feridas na terça-feira, a maioria, civis.
Doente, Kadafi quer deixar o país, diz jornal
Um jornal árabe citado pela agência de notícias DPA afirma que Kadafi estaria disposto a sair do país. Segundo a edição desta quarta-feira do jornal Al-Sharq Al-Awsat, o líder líbio pretenderia ir para a África do Sul. O diário noticia que o assessor do ditador Bashir Salih teria dito em encontros recentes que manteve na Mauritânia, no Mali e na Tunísia, que seu chefe está doente e deseja deixar o país para se submeter a tratamento médico.
De acordo com a publicação, Kadafi teria pedido ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, que receba a ele e a sua família. Para garantir uma saída segura do país, Kadafi teria entrado em contato também com altos funcionários franceses e britânicos.
O Conselho Nacional de Transição (CNT) negou que esteja negociando com Kadafi para resolver o conflito, após informações terem sido divulgadas de que os dois lados estavam reunidos na Tunísia, onde esta semana um enviado da ONU também teria chegado para acompanhar os encontros.
"O CNT gostaria de afirmar que não há negociações diretas ou indiretas com o regime de Kadafi ou com o enviado especial das Nações Unidas", disse o líder do CNT, Mustafa Abdel Jalil, acrescentando que Kadafi "deve deixar o poder e sair da Líbia". "É impensável manter qualquer negociação ou conversa que não respeite este princípio básico", ressaltou.
Para Washington, regime Kadafi tem dias contados
Em Washington, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse que as forças de Kadafi foram recolocadas na defensiva e relatou que uma figura de alto escalão do aparato de segurança líbio havia desertado, indicando que o regime está se esfacelando. "As forças de Kadafi estão enfraquecidas e esta última deserção é outro exemplo de como eles estão ficando fracos", disse Panetta.
Em uma entrevista coletiva transmitida pela televisão estatal da Líbia, Moussa Ibrahim, porta-voz do governo líbio, desmentiu que as forças de Kadafi estejam em fuga, mas reconheceu a existência de combates em vários locais que os rebeldes dizem já terem capturado.
"Estejam cientes da campanha de mídia que está tentando fazer com que os rebeldes sejam maiores do que são", disse ele a repórteres líbios. "Alguns políticos estrangeiros disseram que os dias deste regime chegaram ao fim e isso foi há semanas. Eles estão dizendo isso há seis meses, e ainda estamos aqui."
Míssil seria "sinal de desespero"
A estratégia dos insurgentes parece ser isolar Trípoli e esperar que o governo caia. A preocupação é que Kadafi queira empreender uma luta final pela capital, que pode ser sangrenta.
Em uma mensagem de áudio de má qualidade, gravada por telefone e transmitida pela televisão estatal na segunda-feira, Kadafi, falando de um local não revelado, apelou a seus seguidores que libertem a Líbia dos rebeldes e da Otan. "O sangue dos mártires é o combustível para a batalha", disse.
Um míssil de longo alcance Scud foi usado pela primeira vez nesta guerra. Ele foi lançado no domingo perto de Sirte, cidade natal de Kadafi e agora isolada, localizada a 500 quilômetros a leste de Trípoli. O projétil explodiu no meio do deserto, entre as cidades de Brega e Ajdabiyah, ambas controladas pelos rebeldes, sem ferir ninguém, segundo informações dos EUA. Analistas afirmaram que o uso da arma seria um ato de desespero.
MD/rtr/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque
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