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Diplomacia americana entra na controvérsia envolvendo Waters

7 de junho de 2023

Departamento de Estado dos EUA afirma que show do músico em Berlim teve imagens ofensivas ao povo judeu e minimizou o Holocausto, endossando críticas da enviada da Casa Branca para o combate ao antissemitismo.

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Roger Waters segurando um microfone
Em um momento de sua apresentação na capital alemã, Floyd vestiu um uniforme de estilo nazista para representar um personagemFoto: Lorena Sopêna/EUROPA PRESS/dpa/picture alliance

O governo dos Estados Unidos somou-se aos que acusam o cantor Roger Waters, um dos fundadores do Pink Floyd, de antissemitismo por performances realizadas em um show em Berlim em 17 de maio.

O ponto mais criticado da apresentação foi um momento no qual o músico vestiu um uniforme de estilo nazista para representar um personagem, no que ele chamou de ato contra o fascismo.

A polícia de Berlim abriu no final de maio uma investigação contra Floyd por suspeita de "incitação ao ódio público". Símbolos, bandeiras e uniformes nazistas são proibidos na Alemanha, mas há exceções para a exibição em contextos educacionais e artísticos.

Nesta terça-feira (06/06), o Departamento de Estado dos EUA se manifestou sobre o tema, e afirmou que o show "continha imagens profundamente ofensivas ao povo judeu e minimizou o Holocausto".

"O artista em questão tem um longo histórico de uso de temas antissemitas para denegrir o povo judeu", disse o Departamento de Estado em resposta por escrito a perguntas.

No show em Berlim, Waters também pareceu traçar paralelos entre as mortes de várias pessoas, exibindo seus nomes em um telão, incluindo os de Anne Frank, a adolescente judia morta em um campo de concentração nazista, e Shireen Abu Akleh, a jornalista palestino-americana morta a tiros no ano passado enquanto cobria uma operação policial israelense.

A afirmação do Departamento de Estado foi feita em apoio à sua enviada para o combate ao antissemitismo, Deborah Lipstadt, que condenou a "desprezível distorção do Holocausto" feita pelo músico.

O comentário de Lipstadt foi, por sua vez, foi uma resposta à sua contraparte da União Europeia, Katharina von Schnurbein, que disse estar "enojada com a obsessão de Roger Waters em menosprezar e trivializar a Shoah", usando o termo hebraico para o Holocausto.

Décadas antes da atual controvérsia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, era tão fã do Pink Floyd que citou a música Another Brick in the Wall em seu anuário do ensino médio.

Waters diz ser alvo de ataques de má-fé

O músico britânico de 79 anos publicou em maio uma nota em suas redes sociais na qual afirma que sua apresentação em Berlim atraiu "ataques de má-fé daqueles que querem sujar minha reputação e me silenciar porque discordam de minhas visões políticas e princípios morais".

Waters afirmou que os elementos de seu show sendo questionados são "claramente uma manifestação em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas", e tentativas de representá-los como algo diverso disso são "falsas e motivadas politicamente".

Ele mencionou que a representação de um demagogo fascista desequilibrado faz parte de seus shows desde o álbum The Wall, de 1980, e que ele passou sua vida inteira se manifestando contra o autoritarismo e a opressão. Waters já havia usado a iconografia em shows anteriores na Alemanha sem problemas legais nos anos 2010.

"Quando eu era uma criança após a guerra, o nome de Anne Frank era com frequência mencionado em nossa casa, ela tornou-se um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é combatido. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, e meu pai pagou o preço final", escreveu Waters.

Waters é um conhecido ativista em defesa do povo palestino e já foi acusado de ter visões antissemitas. Ele já usou em alguns de seus shows um porco inflável marcado com a Estrela de Davi.

O cantor também é membro do Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções, liderado por palestinos, que tem como alvo Israel por causa de sua ocupação de territórios onde os palestinos buscam constituir um Estado.

bl (AFP, AP)