Dinamarca planeja reintroduzir controle nas fronteiras
30 de junho de 2015O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Kristian Jensen, anunciou nesta terça-feira (30/06), durante visita a Berlim, que seu país deseja novamente estabelecer controle nas fronteiras.
Focada em conter a imigração ilegal, a medida ameaça colocar a Dinamarca em rota de confronto com seus parceiros europeus, porém deve agradar ao partido de extrema direita do qual a atual coalizão de governo dependente no Parlamento.
"Vamos sugerir algo que está dentro das regras do Acordo de Schengen, e haverá um diálogo com Bruxelas, a Comissão Europeia e os nossos países vizinhos", disse Jensen, ao lado do chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier.
Uma coalizão de centro-esquerda assumiu o poder no domingo, após o fracasso nas negociações de coalizão com a legenda anti-imigração Partido do Povo Dinamarquês (DPP).
A margem para governar, no entanto, é mínima. E, por isso, o apoio dos 37 membros do DPP é necessário para a aprovação de medidas no Parlamento. O partido defende reintroduzir controles de fronteiras para combater a imigração e o contrabando.
Steinmeier reagiu calmamente ao anúncio, afirmando que o governo da Dinamarca já havia informado Berlim nos últimos dias sobre os projetos. O ministro alemão também saudou que a abordagem dinamarquesa não viole as regras do Acordo de Schengen. Assinado em Luxemburgo, em 1995, o acordo permite a circulação sem passaporte por 25 países europeus. A Dinamarca se juntou ao espaço em 1996.
A medida deve preocupar os outros Estados-membros da União Europeia (UE). Em 2011, o então governo liberal reintroduziu o controle nas fronteiras por um curto período e causou embaraço na Europa.
No mesmo ano, um governo de centro-esquerda assumiu o poder no país e derrubou os controles. No entanto, os socialistas e seus parceiros de coalizão foram derrotados nas eleições parlamentares, em junho deste ano, e deixaram o governo.
A Dinamarca não é o único país a planejar adotar uma política fronteiriça mais agressiva. O governo da Hungria anunciou no início de junho que planeja construir uma cerca de quatro metros de altura na borda com a Sérvia.
E, na segunda-feira, um tribunal francês determinou que agentes da polícia poderiam realizar controles na fronteira com a Itália, para barrar a circulação de migrantes que entraram na Europa pela costa italiana. Posteriormente, a decisão foi derrubada pela mais alta corte do país.
PV/rtr/afp/dpa