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Diminui vantagem de Bolsonaro sobre Lula entre evangélicos

16 de setembro de 2022

Atual presidente tem a preferência de 49% do eleitorado evangélico, frente a 32% do ex-presidente Lula, aponta Datafolha. Na semana anterior, vantagem de Bolsonaro era de 23 pontos.

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Brasilien Brasilia | Evangelischer Gottesdienst
Segmento evangélico representa 27% da amostra do DatafolhaFoto: Evaristo Sa/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (PL) segue liderando a corrida eleitoral ao Planalto entre os evangélicos, mas diminuiu a vantagem em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (15/09).

A vantagem do atual presidente entre os evangélicos agora é de 17 pontos – na pesquisa anterior, uma semana antes, era de 23. Entre esse grupo, Bolsonaro tem 49% das intenções de votos e Lula, 32%. O segmento representa 27% da amostra.

A pesquisa ouviu 5.926 eleitores em 300 municípios entre os dias 13 e 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No cenário geral, Lula segue favorito, com 45% dos votos, contra 33% de Bolsonaro. Em seguida, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 8%, Simone Tebet (MDB), com 5%, e Soraya Thronicke (União Brasil), com 2%.

Felipe D'Ávila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Vera Lúcia (PSTU), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (DC) e Padre Kelman (PTB) não chegaram a 1% respectivamente. Eleitores indecisos somam 2%, enquanto votos brancos e nulos chegam a 4%.

Religião como foco

O eleitorado cristão tem sido peça-chave nesta campanha. Enquanto Bolsonaro é favorito entre os evangélicos, Lula lidera entre os católicos. A equipe do atual presidente tem utilizado na campanha a imagem da primeira-dama, Michelle, que é protestante.

No fim de julho, em seu discurso de lançamento da candidatura, Bolsonaro fez sete menções a Deus, que sua esposa, Michelle, invocou outras 27 vezes no palanque.

Na ocasião, Michelle apresentou o marido como um "escolhido de Deus" que tem um "projeto de libertação para a nossa nação", aconselhou a plateia a não negociar com o mal e foi festejada aos gritos de "aleluia". Nos últimos meses, Bolsonaro tem comparecido a eventos evangélicos com frequência quase semanal.

Em 8 de agosto, Michelle compartilhou em suas redes sociais um vídeo que mostrava Lula participando de um ritual da umbanda em agosto de 2021, com o comentário: "Isso pode, né! Eu falar de Deus, não".

O deputado Marcos Feliciano, que é pastor evangélico e apoiador de Bolsonaro, afirmou recentemente à rádio CBN que "alertou" os fiéis sobre uma suposta "perseguição" de Lula que poderia "culminar no fechamento de igrejas". O PT rebateu a fala de Feliciano, que classificou como fake news, e ingressou com uma ação na Justiça para que o deputado apresente provas de sua acusação.

Lula também vem tentando ampliar seu apoio entre esse eleitorado: o PT criou neste ano núcleos evangélicos em 21 estados, enquanto busca diferenciar sua abordagem da interface entre política e religião, em relação à de Bolsonaro.

No lançamento de sua campanha, Lula afirmou que o presidente tenta manipular a boa-fé de evangélicos, mas que era "possuído pelo demônio". "Eu sou candidato do povo brasileiro, e quero tratar todas as religiões com respeito. Religião é para cuidar da fé, não para fazer política. Eu faço campanha eleitoral respeitando religião, e não uso o nome de Deus em vão", disse Lula.

A esposa do petista, Janja, também vem reagindo às investidas da campanha de Bolsonaro nesse tema. Respondendo ao compartilhamento por Michelle do vídeo de Lula num ritual de umbanda, ela afirmou: "Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo."

Valores religiosos

Pesquisa Datafolha divulgada no começo do setembro mostra que metade dos eleitores brasileiros considera que política e valores religiosos devem andar sempre juntos, para o Brasil poder prosperar. No total, 40% dos entrevistados disseram concordar totalmente com tal afirmação, e 16%, em parte.

A ligação entre política e religião tem o aval sobretudo de eleitores de Bolsonaro (74%), de evangélicos (69%) e dos mais pobres (61%), com renda até dois salários mínimos. Entre eleitores de Lula, 50% concordam com a afirmação. Dos católicos, 57% estão de acordo, e dos eleitores mais ricos, 41%, aponta o Datafolha.

Segundo o cientista político e pesquisador pós-doutoral da Universidade de Zurique, Victor Araújo, os evangélicos pentecostais, grupo que cresceu nas últimas décadas, tendem a ser muito mais conservadores, portanto mais avessos a candidatos de esquerda, que veem como uma ameaça à família e aos valores tradicionais.

"Para essa porção do eleitorado, questões relacionadas à moral, essa guerra cultural, espiritual, tudo isso importa muito mais do que inflação, projeção da economia e PIB", afirma Araújo.

le/av (ots)