Dilma quer mais mulheres no poder
21 de junho de 2012Vestida de rosa, a presidente brasileira Dilma Rousseff pediu que as mulheres se mobilizem para não serem excluídas das transformações profundas que a economia verde trará. A líder, que também preside a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, defendeu o papel feminino como força motriz das mudanças que o mundo precisa.
Ela participou nesta quinta-feira (21/06) fórum "O que as mulheres querem". A iniciativa, comandada por Michelle Bachelet, reuniu líderes importantes como a primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, e da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt. Na plateia, entre o seleto público convidado, estavam empresárias de peso como Graça Fortes, presidente da Petrobras.
Dilma também fez um pedido aos homens: que ajudem mais nas tarefas da casa. "A expansão [das mulheres] em quase todas as sociedades deve também ser acompanhada pelo correspondente engajamento dos homens nas tarefas domesticas e no cuidado de filhos e filhas e demais familiares. Um trabalho invisível, mas que precisa ser compartilhado e reconhecido."
Polêmica sobre o documento
Michelle Bachelet, a primeira mulher a assumir a presidência na América do Sul, elogiou muito a anfitriã. Em seu discurso, Dilma se comprometeu a governar a favor dos "direitos reprodutivos das mulheres", que garante o poder de decisão sobre o momento em que quer ter filhos. O termo ficou de fora do documento final da Rio+20 atualmente em negociação entre os chefes de Estado. A presidente não mencionou, no entanto, a palavra "aborto".
A questão foi polemizada por Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega, considerada "mãe" do conceito desenvolvimento sustentável. Ela criticou o recuo de linguagem desse trecho do documento, que substituiu a palavra "direitos reprodutivos" por "saúde reprodutiva".
Depois de Gro, a presidente brasileira falou mais uma vez. "Queria acentuar uma característica importante da Rio+20, que foi o fortalecimento do multilateralismo", comentou Dilma. Segundo ela, o documento final respeitou as diferentes visões na construção do consenso, embora algumas posições sempre fiquem de fora.
Mulheres no poder
Julia Gillard, primeira a chegar no posto mais alto do governo australiano, lembrou que apenas em 10% dos países do sistema Nações Unidas uma mulher está no comando.
Todas as chefes de Estado presentes (Costa Rica, Lituânia, Suíça, Jamaica, Austrália, Dinamarca e Brasil), que governam países com nível de escolaridade e situação econômica bastantes distintos entre si, concordaram que a desigualdade de gêneros na política ainda é um desafio global.
"A Rio+20 nos apresenta a possibilidade e o desafio de incorporar os direitos das mulheres como dimensão crucial e estrutural do processo de desenvolvimento sustentável. Sem isso não atingiremos os objetivos que nos trazem ao Rio de Janeiro", disse Dilma Rousseff. A conferência se encerra nesta sexta-feira.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Augusto Valente