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Dilma acusa oposição de "golpismo escancarado"

14 de outubro de 2015

Presidente abre congresso da CUT com discurso inflamado, ao lado de Lula e José Mujica. "Quem tem biografia limpa o suficiente para atacar a minha honra?", questiona, prometendo lutar para defender seu mandato.

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Brasilien Präsidentin Dilma Rousseff EINSCHRÄNKUNG
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Num de seus discursos mais firmes contra a oposição, a presidente Dilma Rousseff defendeu a legitimidade de seu mandato e chamou de "golpismo escancarado" a tentativa de um impeachment contra seu governo. Dilma discursou na abertura do 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, na noite desta terça-feira (13/10).

"Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra?", indagou à plateia, onde estavam sentados o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ex-presidente do Uruguai José Mujica. "Lutarei para defender o mandato que me foi concedido pelo voto popular, pela democracia e por nosso projeto de desenvolvimento."

Para a presidente, os pedidos de impeachment não têm embasamento. "Querem criar uma onda que leve, de qualquer jeito, ao encurtamento do meu mandato sem fato jurídico, sem qualquer materialidade", afirmou. De acordo com Dilma, "o que antes era inconformismo, por terem perdido a eleição, transformou-se em um claro desejo de retrocesso político. E isso tem nome: é um golpismo escancarado".

Nos últimos meses, o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha, rejeitou seis pedidos de impeachment contra Dilma. Outros oito ainda aguardam sua análise, entre eles um documento elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, que por décadas foi ligado ao PT, e Miguel Reale Jr., que Cunha e a oposição pretendiam levar adiante, mas a manobra foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira.

No discurso na CUT, Dilma afirmou que o seu projeto de governo, junto ao do ex-presidente Lula, complementou a renda dos mais necessitados e tirou milhões da pobreza extrema, garantiu acesso à casa própria por meio de subsídios do Estado e priorizou a geração de empregos. "Eu tenho consciência que esse processo não é apenas contra mim. É contra o projeto que fez do Brasil um país que superou a miséria", disse.

Ao defender o governo, a presidente ainda criticou o chamou de busca pelo "terceiro turno" nas eleições. "Vivemos uma crise política séria no nosso país. Nesse exato momento, ela se expressa na tentativa dos opositores de fazer o terceiro turno", afirmou. "Essa tentativa de fazer um terceiro turno no Brasil começou no dia seguinte às eleições que vencemos."

Contas rejeitadas

Dilma aproveitou para falar sobre decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que, em 7 de outubro, recomendou a rejeição das contas de 2014 do governo. O Congresso pode acatar ou não a sugestão – e uma rejeição lá também pode ser usada pela oposição para fundamentar um pedido de impeachment.

"Continuaremos questionando os termos da análise das contas realizadas pelo TCU. Tenho certeza de que, com calma e usando amplo direito de defesa, com completa transparência, teremos uma decisão equilibrada do Congresso Nacional", disse ela, defendendo ainda as chamadas "pedaladas fiscais", um dos principais alvos do tribunal.

"O que chamam de 'pedaladas fiscais' são atos administrativos que foram usados por todos os governos antes do meu. Eu quero deixar claro que nós não tivemos, nesses atos, nenhum interesse a não ser realizar nossas políticas sociais e nossas políticas de investimentos", acrescentou.

Por fim, a presidente enfatizou que o governo vem fazendo um grande esforço para manter as conquistas. "Dizem que nós não estamos fazendo nada. Não é verdade. Mesmo neste ano, em que cortamos despesas e enfrentamos dificuldades, é importante falar que nós continuamos, sistematicamente, perseguindo aquilo que é o nosso compromisso básico."

Presente no discurso de Dilma, Lula elogiou a sucessora afirmando que "hoje deixamos de ter apenas uma presidente para ter uma líder política neste país". Segundo o ex-presidente, a oposição não quer permitir que Dilma governe. Ele lembrou que o atual governo tem mais de três anos pela frente – o que, segundo ele, é muito tempo para cumprir o que prometeu durante a campanha eleitoral. "Dilma sabe dos compromissos que tem."

EK/abr/rtr/efe