Diego Maradona: a trajetória de um talento único
Campeão de gols, herói de mundiais, personalidade marcante e polêmica: com a morte do craque argentino, aos 60 anos, apaga-se uma estrela no céu do futebol sul-americano
Fenômeno para além dos gramados
Para inúmeros torcedores, Maradona foi muito mais do que um jogador de futebol, mas sim um ídolo total. Ele não só conquistou o mundo a partir de um pobre lugarejo, como levou equipes inteiras a alturas esportivas que nunca teriam sonhado. Sua problemática vida pessoal também conferiu um elemento humano para essa saga, "O mais humano dos deuses", sintetizou o escritor Eduardo Galeano.
Jovem de carreira meteórica
Diego Armando Maradona nasceu em 1960 em Lanús, Argentina. Aos nove anos, entrou para as divisões inferiores do Argentinos Juniors, "Los Cebollitas". Aos 16, já com fama de grande talento nas ligas infanto-juvenis, estreou na primeira divisão. Um mês mais tarde emplacava seu primeiro gol. Em 1978, passou a integrar a seleção argentina adulta, mas ainda não participou da Copa do Mundo daquele ano.
Salto para a Europa
Em 1979 a Argentina venceu o Mundial Juvenil com Maradona em sua equipe. Dois anos mais tarde, apesar de ter recebido várias ofertas de contrato, o jogador dá preferência a seu clube favorito, o Boca Juniors, com o qual disputa 40 partidas. Já em 1982 empreende sua aventura europeia, tendo Barcelona como primeira estação. A temporada não foi feliz: ele contraiu hepatite e teve uma lesão grave.
Sucesso no Napoli
A má sorte não o impede de emplacar 38 gols em 58 partidas pelo Barcelona. Porém em 1984 é que começa a etapa mais gloriosa da carreira do argentino, ao assinar contrato com o Napoli. Pelo time italiano, Maradona ganhou dois "scudettos", uma Supercopa e uma Copa da Uefa. No sul da Itália, sua figura é admirada até hoje.
A mão de Deus
No Mundial do México, em 1986, o camisa 10 foi a estrela. Após uma vitória 22 de junho, driblou meia seleção da Inglaterra para marcar o que muitos consideram o mais belo gol de um campeonato mundial. E entrou para a história com a espirituosa frase: "Se houve mão na bola, foi a mão de Deus." Um radialista o apelidou "pipa cósmica": Maradona vivia o melhor momento de sua carreira.
Campeão do mundo
Maradona não se contentou em derrotar os ingleses – uma espécie de vingança esportiva após o fiasco da Guerra das Malvina. Logo bateu a Bélgica por 2 a 0 (ambos gols seus), e na final garantiu o triunfo de 3 a 2 sobre a Alemanha Ocidental. A Argentina levava a taça para a casa pela segunda vez em oito anos, e seu craque se transformava em lenda.
Triste adeus
Em 1990 a Argentina perdeu para a Alemanha a final do Mundial da Itália, mais uma vez com "El Pelusa" jogando em altíssimo nível. Ele voltou ao disputar a Copa do Mundo nos Estados Unidos em 1994. Mas em 25 de junho, após ganhar da Nigéria de 2 a 1, o teste antidoping acusa efedrina, um poderoso estimulante. O argentino se queixa: estavam lhe "cortando as pernas".
Passando a tocha
Maradona voltou a jogar pelo Boca em 1995, após pagar o castigo imposto pela Fifa. Em 2001 se despedia dos gramados, diante de um estado cheio, e pronunciou outra frase célebre: "A bola não se mancha." Após sérios problemas de dependência de drogas, que o levaram à beira da morte, recuperou-se, e em 2010 dirigiu Lionel Messi na Copa de Mundo da África do Sul.
Encontro de titãs
Com outro grande do futebol, o argentino manteve uma relação agridoce: Pelé. Mas ao passar dos anos os dois ídolos máximos do futebol sul-americano do século 20 apararam as arestas. Na foto, ambos participam de um evento em Paris, em 2016. Voltaram a se encontrar no Mundial da Rússia. Por ocasião dos 60 anos de Maradona, Pelé declarou: "Sempre te apoiarei."
Vida itinerante
Diego teve uma carreira diversificada e irregular como treinador: dirigiu nos Emirados Árabes Unidos, teve um programa de TV, foi apresentado como presidente de um clube bielorrusso numa extravagante cerimônia. Poucos meses depois, assumia a direção técnica do Dorados de Sinaloa, no México. De 2019 a 2020, dirigiu o Gimnasia y Esgrima, de La Plata.