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Dezenas de pessoas já foram presas por ataque ao Capitólio

10 de janeiro de 2021

Autoridades dos EUA abrem série de processos criminais contra apoiadores de Trump que invadiram sede do Congresso. Entre os detidos estão homem fantasiado com chifre e o que carregou púlpito de Nancy Pelosi.

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Apoiadores de Trump durante invasão do Capitólio em 6 de janeiro
Jacob Chansley, no centro da imagem, foi detido neste sábadoFoto: Manuel Balce Ceneta/AP Photo/picture alliance

Autoridades americanas já abriram uma série de processos criminais contra apoiadores do presidente Donald Trump que invadiram o Capitólio durante a semana. Até este sábado (09/01), mais de 90 pessoas já haviam sido presas, segundo a agência de notícias Associated Press.

Entre os suspeitos, foram detidos dois homens cujas imagens viralizaram na imprensa mundial e marcaram o ataque ao prédio do Congresso americano, em Washington.

Um deles é Jacob Chansley, que vestia um capacete com chifres e pele de animal e carregava uma lança durante a invasão do Capitólio. Seguidor da teoria de conspiração de extrema direita QAnon, ele foi formalmente acusado de "intencionalmente entrar ou permanecer em um edifício ou terreno restrito sem autoridade legal, e de entrada violenta e conduta desordeira na área do Capitólio".

Chansley foi detido no sábado, dois dias após entrar em contato com o FBI para falar voluntariamente com as autoridades. Morador do Arizona, ele permanecerá em custódia em seu estado enquanto aguarda uma audiência sobre sua detenção.

"Chansley disse que veio [ao Capitólio] como parte de um esforço de grupo com outros 'patriotas' do Arizona, a pedido do presidente [Trump] para que todos os 'patriotas' viessem para Washington em 6 de janeiro de 2021", informou o Departamento de Justiça em comunicado.

Outro participante detido foi Adam Johnson, que foi fotografado carregando o púlpito da presidente da Câmara dos Representantes, a deputada democrata Nancy Pelosi, durante a invasão.

Autoridades policiais da Flórida informaram que Johnson, de 36 anos, foi detido no estado na sexta-feira, sem direito a fiança, com base em um mandado de prisão federal.

A foto criminal de sua detenção foi bastante compartilhada no Twitter, em que ele aparece já sem o sorriso que exibia quando foi fotografado na quarta-feira, acenando para a câmera.

Johnson também foi formalmente acusado neste sábado, por crimes que incluem roubo de propriedade governamental, entrada violenta e conduta desordeira na área do Capitólio.

Deputado renuncia

Um terceiro suspeito detido foi Derrick Evans, de 35 anos, recentemente eleito membro da Câmara dos Representantes do estado da Virgínia Ocidental. Os promotores disseram que ele compartilhou em sua página no Facebook um vídeo ao vivo da invasão.

"Estamos dentro, estamos dentro! Derrick Evans está no Capitólio!", diz ele nas imagens, enquanto cruza as portas do prédio do Congresso americano.

Após pressão de colegas para que renunciasse, o deputado estadual republicano enviou uma carta de demissão ao governador do estado neste sábado.

"Assumo total responsabilidade por minhas ações e lamento profundamente qualquer mágoa, dor ou constrangimento que possa ter causado à minha família, amigos, constituintes e companheiros da Virgínia Ocidental", disse em comunicado. "Espero que [minha renúncia] ajude a iniciar o processo de cura, para que todos possamos seguir em frente e nos unir como 'Uma Nação, Sob Deus''.

Dezenas de acusações

Até este sábado, promotores haviam aberto ao menos 17 processos criminais no tribunal distrital federal e outros 40 no Tribunal Superior do Distrito de Columbia, por uma série de crimes, que vão desde agressão a policiais até a entrada em áreas restritas do Capitólio, roubo de propriedade federal e ameaças a legisladores.

Os procuradores afirmaram que outros casos continuam sob sigilo, enquanto dezenas de outros envolvidos na invasão do Congresso continuam sendo procurados pelas autoridades.

Em ato insuflado por Trump, que vinha se recusando a reconhecer sua derrota nas eleições de novembro, o Capitólio foi invadido por apoiadores do presidente na quarta-feira, interrompendo uma sessão do Congresso que visava certificar a vitória de Joe Biden no pleito. O ataque violento resultou em ao menos cinco mortes e foi condenado pela comunidade internacional.

A sessão, presidida pelo vice-presidente Mike Pence, foi mais tarde retomada e concluída ao longo da noite, com o anúncio do resultado final.

EK/ap/afp/dpa/rtr