Dez perguntas e respostas sobre o zika
30 de abril de 2016Depois do surto do vírus zika que começou no ano passado no Brasil e se espalhou por vários países, diversas autoridades de saúde correm contra o tempo para entender melhor aspectos sobre a infecção e sintomas, além de buscarem uma vacina para o tratamento da doença.
A DW Brasil selecionou algumas perguntas e respostas sobre o vírus e o surto atual:
Como se dá a infecção?
O vírus é transmitido às pessoas através da picada de mosquitos fêmeas infectados, principalmente o aedes aegypti, o mesmo tipo que espalha doenças como dengue, chikungunya e febre amarela. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) diz que mosquitos aedes são encontrados em todos os países das Américas, com exceção do Canadá e Chile, e que o vírus provavelmente vai alcançar todos os países e territórios da região onde os mosquitos do tipo são encontrados.
Existe um teste rápido para diagnosticar a doença?
Para a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, o mundo ainda carece de um teste rápido que diagnostique o vírus com segurança. Segundo a organização, 30 empresas estão trabalhando na questão.
Existe tratamento para a doença?
Não existe tratamento ou vacina contra a infecção causada pelo zika. Empresas e cientistas estão correndo para desenvolver uma vacina segura e eficaz contra a doença, mas a OMS afirma que levaria pelo menos 18 meses para iniciar os primeiros testes clínicos em grande escala.
Quão perigosa é a doença?
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) concluiu que o vírus pode ser o responsável pela má-formação em bebês conhecida como microcefalia e outras severas anomalias cerebrais. O CDC afirma agora que a relação foi comprovada, mas várias questões importantes ainda devem ser respondidas com estudos que deverão levar anos.
De acordo com a OMS, o zika poderia causar a síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica rara que pode provocar paralisia. Uma prova conclusiva dos danos causados pelo zika pode levar meses ou anos.
O Brasil confirmou 1.198 casos de microcefalia, e considera que a maioria deles pode estar relacionada com infecções causada pelo zika em mães. O país investiga ainda outros 3.710 casos suspeitos da má-formação em bebês. A Colômbia já confirmou dois casos de microcefalia ligados ao zika.
O Brasil registrou 91.387 casos do vírus zika de fevereiro até o dia 2 de abril. A pesquisa atual no Brasil indica que o maior risco de microcefalia está associado com a infecção durante o primeiro trimestre da gravidez, mas autoridades de saúde alertaram que um impacto pode ser visto em semanas posteriores. Estudos recentes mostram evidências de zika no líquido amniótico, placenta e no tecido do cérebro do feto.
Quais são os sintomas da infecção do zika?
As pessoas infectadas com o zika podem ter febre moderada, erupção cutânea na pele, conjuntivite, dores musculares e articulares, além de fadiga, que pode durar de dois a sete dias. Mas cerca de 80% das pessoas infectadas nunca desenvolvem os sintomas.
Como o zika pode ser contido?
Os esforços para controlar a propagação do vírus foca na eliminação dos criadouros do mosquito e tomar precauções contra as picadas do inseto com o uso de repelentes e de redes contra mosquitos. Autoridades de saúde dos EUA e de outros países aconselharam mulheres grávidas a evitar viagens aos países da América Latina e Caribe onde podem ser expostas ao zika. Casos de transmissão sexual também têm sido relatados, o que levou as autoridades de saúde a recomendar o uso de preservativos ou abster-se do sexo para prevenir a infecção entre parceiros.
Como o surto da doença se espalhou?
Surtos de zika foram relatados em pelo menos 43 países ou territórios, a maioria deles nas Américas, de acordo com o CDC. O Brasil é o país mais afetado.
Na África, foi relatado surto em Cabo Verde. Já nas Américas, em 35 países: Aruba, Barbados, Belize, Bolívia, Bonaire, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Curaçao, Dominica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guadalupe, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Martinica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Santa Lúcia, Saint Martin, São Vicente e Granadinas, Saint Maarten, Suriname, Trindade e Tobago, Ilhas Virgens e Venezuela.
Já na Oceania e nas ilhas localizadas no Pacífico são sete países ou territórios com relatos de surtos: Samoa Americana, Fiji, Kosrae, Estados Federados da Micronésia, Ilhas Marshall, Nova Caledônia, Samoa e Tonga.
Qual é a história do vírus?
O vírus foi encontrado em regiões tropicais com grande população de mosquitos. Surtos de zika foram registrados na África, nas Américas, no Sul da Ásia e no Pacífico Ocidental. O vírus foi identificado pela primeira vez em Uganda, em 1947, em macacos rhesus. Já em pessoas, foi em 1952 em Uganda e Tanzânia, de acordo com a OMS.
O zika pode ser transmitido através de contato sexual?
A OMS afirma que a transmissão sexual é "relativamente comum". O CDC investiga cerca de uma dúzia de casos de possível transmissão sexual. Todos eles envolvem possivelmente a transmissão do vírus dos homens para seus parceiros. A OMS também identificou casos de zika em Argentina, Chile, França, Itália e Nova Zelândia como provavelmente causada por transmissão sexual.
Autoridades de saúde britânicas relataram que o vírus do zika foi encontrado no sêmen de um homem dois meses após ele ter sido infectado, sugerindo que o vírus pode permanecer no sêmen muito tempo depois de os sintomas da infecção desaparecerem.
A OPAS disse que o zika pode ser transmitido através do sangue, mas este é um mecanismo de transmissão pouco frequente. Não há provas de que o zika possa ser transmitido para bebês através do leite materno.
Que outras complicações estão associadas ao zika?
O zika também tem sido associado com outros distúrbios neurológicos, incluindo graves infecções do cérebro e medula espinhal. As consequências a longo prazo para a saúde ainda não estão claras. Outras incertezas são sobre o período de incubação do vírus e sobre como o zika interage com outros vírus que são transmitidos por mosquitos, como a dengue.
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