Hannover 2000
12 de junho de 2010Em 1º de junho de 2000, o então chanceler federal Gerhard Schröder declarava aberta a Expo 2000, sediada em sua cidade natal, Hannover. A mostra duraria cinco meses, com a participação de 156 países, 17 organizações internacionais e teve mais de 18 milhões de visitantes. Muito aquém do público esperado, de 40 milhões pessoas.
Do esplendor da Expo não restou quase nada. E também no papel o balanço não é nada animador: ao final do evento, os governos federal e estadual dividiram o prejuízo de 1,2 bilhão de euros. Para o então secretário das Finanças do estado da Baixa-Saxônia, Heinrich Aller, o resultado negativo era previsível.
"Esperávamos 40 milhões de visitantes e tivemos apenas 18 milhões", ressalta. Era impossível não terminar no vermelho, salienta, pois a expectativa era de muitos visitantes, apesar dos altos preços. "Este foi um dos erros de cálculo", termina.
Um dos três mil convidados da festa de abertura foi o ex-ministro alemão das Relações Exteriores, Hans-Dietrich Genscher, que viu a Expo como um evento muito positivo ao país: "Esta é uma oportunidade única para mostrarmos que, dez anos após a reunificação, a Alemanha é um país aberto aos estrangeiros e está disposta a encarar os grandes desafios da atualidade", considerou.
Os desafios da exposição, entretanto, foram maiores do que o previsto. Durante semanas, os corredores dos modernos pavilhões permaneceram quase vazios. O sucesso veio somente quando o diretor da exposição baixou o preço dos ingressos noturnos e ofereceu estacionamento gratuito.
Magnitude abandonada
O casal Ingrid e Eckhard Wähler lembra-se bem do clima do evento. "A atmosfera alegre, aquele interesse pelas outras pessoas: por quem está ao meu lado na fila, quem mais está neste pavilhão, o que ele representa e o que nos quer contar", recorda Ingrid. Os dois aposentados eram membros da associação Exposeeum e guiaram visitantes pela mostra.
Ao passear pela antiga área da Expo, uma melancolia invade Eckhard, principalmente ao entrar na torre do pavilhão holandês. "Fiquei animado com a construção do 'Superpavilhão' e com tudo o que estava sendo erguido aqui. Para nós, o local ainda é muito especial, mas também bastante dispendioso, infelizmente. Gostaríamos que algo fosse feito para revitalizar a área", afirma Eckhard.
O ex-pavilhão holandês não é o único sinal de abandono na área da Expo. Logo adiante, está o descuidado prédio espanhol. O chinês, por sua vez, tem suas portas bloqueadas por tábuas de madeira e a entrada do polonês está coberta de mato. Alguns pavilhões chegaram a ser demolidos.
Mudança de planos
Alguns prédios da Expo 2000 abrigam hoje empresas – como a automobilística BMW, estabelecida no antigo pavilhão francês. Próximo dali, funcionam duas fábricas de móveis e, no antigo pavilhão finlandês, trabalham designers e profissionais da área de marketing.
Gina Memenga, da empresa responsável pela comercialização dos prédios, está satisfeita. "Certamente os idealizadores da exposição tinham outras expectativas", diz Memenga. Segundo ela, com a decadência do setor de tecnologia e informação, o interesse pelos terrenos baixou e se desenvolveu um processo espontâneo de reaproveitamento.
Memenga afirma que já era de se esperar um número pequeno de interessados pelo local. De acordo com o plano de urbanização, ali são proibidas áreas de comércio e residências. Além disso, quem compra um antigo pavilhão precisa investir muito para adaptá-lo aos novos padrões energéticos.
Apesar dos elevados prejuízos e dos problemas com a reutilização dos pavilhões, Hannover celebra os dez anos da Expo 2000 em grande estilo. Na primeira quinzena de junho, a antiga área da exposição é palco de eventos artísticos, culturais e gastronômicos.
lpf/dw/ap/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer