"Devemos aos torturados e perseguidos", afirma Dilma
31 de março de 2014No dia em que são lembrados os 50 anos do golpe de 1964, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (31/03) que, com a luta contra a ditadura, os brasileiros aprenderam a valorizar a liberdade. Ela lembrou os "sacrifícios humanos irreparáveis" ocorridos no período e pediu que as atrocidades cometidas no regime militar não sejam esquecidas.
“O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos aos que morreram e desaparecerem, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos às suas famílias. Devemos a todos os brasileiros”, disse Dilma, que participou da luta armada nos anos 1960, sendo presa e torturada.
A presidente abordou o tema durante um ato no Palácio do Planalto para assinar o contrato de execução das obras da segunda ponte do Rio Guaíba, em Porto Alegre. No discurso, ela disse que a restauração da democracia foi um processo construído pelos governos eleitos após a ditadura, e resultado da luta dos que morreram enquanto enfrentavam a "truculência ilegal" do Estado.
"Cinquenta anos atrás, na noite de hoje, o Brasil deixou de ser país de instituições ativas, independentes e democráticas. Por 21 anos, mais de duas décadas, nossas instituições, nossa liberdade, nossos sonhos, foram calados", afirmou. "Mas o esforço de cada um de nós, de todas as lideranças do passado, daqueles que viveram e daqueles que morreram, fizeram com que nós ultrapassássemos essa época."
A presidente brasileira lembrou que, ao restabelecerem a democracia, os brasileiros puderam eleger um ex-exilado político (Fernando Henrique Cardoso), um líder sindical (Luís Inácio Lula da Silva) e uma mulher que foi presa. E disse que, assim como respeita a luta contra "a truculência do Estado, também reconhece "o valor dos pactos políticos que levaram à democratização".
"Aprendemos o valor da liberdade, o valor de um Legislativo e de um Judiciário independentes. O valor da liberdade de imprensa, o valor de eleger no voto direto e secreto um exilado, um líder sindical que foi preso várias vezes e uma mulher que também foi prisioneira. Aprendemos o valor de ir às ruas."
Sobre a busca para esclarecer os crimes cometidos no período, Dilma afirmou: "Repito o que disse há quase dois anos, quando instalamos a Comissão da Verdade: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, nunca pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la."
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