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Deutsche Bank e Commerzbank desistem de fusão

25 de abril de 2019

Dois maiores bancos alemães cancelam negociações e frustram governo alemão, que vislumbrava uma instituição única. Altos riscos e custos de uma reestruturação minaram a união, segundo chefes das instituições.

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Prédios do Deutsche Bank e do Commerzbank na cidade alemã de Frankfurt
Prédios do Deutsche Bank e do Commerzbank em FrankfurtFoto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

O Deutsche Bank e o Commerzbank abandonaram seus planos de fusão, anunciaram os dois bancos alemães nesta quinta-feira (25/04). A decisão das duas maiores instituições financeiras privadas da Alemanha frustrou as esperança do governo do país de criar um gigante do setor bancário capaz de competir no cenário internacional.

"Depois de uma análise minuciosa, concluímos que esta transação não traria benefícios suficientes para compensar os riscos adicionais de execução, custos de reestruturação e requisitos de capital associados a tal integração em grande escala", disseram os chefes do Deutsche Bank, Christian Sewing, e do Commerzbank, Martin Zielke, em comunicado. "Ficou claro que tal combinação não seria do interesse dos acionistas dos bancos ou de outras partes interessadas."

Os dois maiores bancos da Alemanha revelaram em 17 de março deste ano que haviam iniciado negociações de fusão. Ambos os bancos têm lutado para se recuperar e gerar lucros sustentáveis após crise financeira de 2008. Alguns políticos alemães esperavam a criação de um gigante nacional para enfrentar a concorrência cada vez mais forte dos EUA, de outros países europeus e de bancos menores, mesmo dentro da Alemanha.

O governo alemão, que detém uma fatia de 15% do Commerzbank desde um resgate estatal em 2009 e é o maior acionista individual do banco, encorajou o início das negociações muito antes do anúncio oficial dos bancos.

"As empresas alemãs que operam globalmente precisam de instituições financeiras competitivas, que possam acompanhá-las em qualquer lugar do mundo", disse o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, que nos últimos meses destacou repetidamente a necessidade de um setor bancário forte.

Mas Scholz reconheceu que as fusões ou outras formas de cooperação apenas fazem sentido se forem direcionadas a um modelo de negócio seguro".

Críticos, incluindo funcionários dos dois bancos, temiam o corte de milhares empregos e o fechamento de filiais, caso a fusão fosse concretizada. O sindicato trabalhista Verdi alertou que 30 mil empregos ficariam em risco.

"As desvantagens de tal fusão, especialmente em relação aos empregos, teriam sido desproporcionais", disse Frank Bsirske, chefe do Verdi.

Alguns investidores também questionaram se uma fusão realmente resolveria os desafios de lucratividade de longo prazo enfrentados pelos dois bancos nos últimos anos.

O Deutsche Bank, abalado por uma série de escândalos legais desde a crise financeira de 2008, registrou lucro em 2018 pela primeira vez em três anos, mas o preço de suas ações continuam rondando níveis baixos recordes. O Commerzbank foi excluído no ano passado do índice DAX – que abrange as 30 maiores empresas  de capital aberto da Alemanha – e admitiu em seu último relatório financeiro que ainda tinha que atingir suas metas de redução de custos.

Após o colapso da tentativa de fusão, o Banco Central da Alemanha, o Bundesbank, pediu aos dois bancos que avancem com seus próprios planos de reestruturação.

"Esperamos que ambos os bancos continuem com os esforços de reestruturação, que estão mostrando sinais positivos iniciais", disse Joachim Wuermeling, membro do conselho do Bundesbank responsável pela supervisão financeira. "Este era o caso antes e durante as negociações e permanece inequivocamente o caso agora."

As ações do Deutsche Bank subiram ligeiramente com o anúncio do abandono das negociações de fusão, enquanto as ações do Commerzbank caíram na Bolsa de Valores de Frankfurt.

PV/afp/rtr/dpa

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