Desvendada ampla rede de fake news na Europa
22 de maio de 2019Na véspera do início das eleições legislativas europeias, que vão desta quinta-feira (23/05) até o domingo, a ONG Avaaz publicou um estudo no qual afirma ter identificado mais de 500 páginas e grupos de extrema direita no Facebook suspeitos de disseminar informações falsas dentro da União Europeia (UE).
O relatório apresentado nesta quarta-feira (22/05) permitiu a remoção de conteúdo que totalizava mais de 500 milhões de visualizações nos últimos três meses, segundo a organização. Entre estas contas também estão perfis relacionados à legenda populista de direita alemã Alternativa para a Alemanha (AfD).
A Avaaz diz ter relatado mais de 500 páginas e grupos suspeitos, que são seguidos no total por quase 32 milhões de usuários e geraram mais de 67 milhões de interações – comentários, curtidas e compartilhamentos – nos últimos três meses.
No mesmo período, os conteúdos relacionados a essas páginas e grupos geraram 533 milhões de visualizações, segundo cálculo da Avaaz.
A organização acrescentou que o Facebok já removeu 77 páginas e contas reportadas em abril e maio "que juntas tinham três vezes mais seguidores (5,9 milhões) do que os seis principais partidos europeus de extrema direita ou anti-UE" – Liga, AfD, VOX, Partido Brexit, Reunião Nacional (ex-Frente Nacional) e PiS, que somam 2 milhões.
"O Facebook permitiu que muitas atividades suspeitas e conteúdo malicioso se espalhassem. É preciso excluir e realizar imediatamente verificações em toda a UE para detectar outras atividades suspeitas em sua plataforma", como contas duplicadas que ajudam a amplificar uma mensagem ou páginas que mudam seus nomes, afirmou a Avaaz.
As análises da Avaaz detectaram cerca 131 contas e oito páginas suspeitas na Alemanha. É o país mais afetado, seguido pela Polônia, com 43 perfis e 27 grupos. Ao compartilhar sempre a mesma mensagem, como, por exemplo, "Merkel mentiu", estas páginas conseguiram enganar o algoritmo do Facebook e posicionar melhor suas mensagens na rede social.
Estas contas apoiavam amplamente a AfD e também espalharam conteúdo e desinformação extremista de direita. Sob o nome da política alemã Laleh Hadjimohamadvali, da AfD, existiam quatro contas pessoais, conectadas entre si e que, em parte, postavam conteúdo idêntico.
A política da AfD confirmou o fechamento de pelo menos uma destas contas e afirmou não ter sido a primeira vez. Hadjimohamadvali afirmou também que já teve inúmeras postagens deletadas ou bloqueadas.
No ano passado, Hadjimohamadvali foi condenada por um tribunal a ´pagar uma multa por disseminar retratos violentos. Ela publicou uma postagem sobre abuso infantil no mundo islâmico. "Estou sendo privada da liberdade de expressão", disse Hadjimohamadvali à emissora pública SWR.
A investigação da Avaaz também encontrou conteúdo ilegal na Alemanha, como suásticas e postagens que apoiam os negadores do Holocausto. Estes conteúdos foram divulgados por contas que seguem a AfD no Facebook.
A ONG americana especializada em ativismo online lançou uma campanha chamada "Corrigir o registro", que visa forçar o Facebook a mostrar para todos os usuários textos que contradizem aqueles conteúdos vistos e identificados como falsos pelos serviços de checagem de fatos.
PV/afp/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter