Desemprego gera medo na Alemanha
29 de julho de 2005Cinco milhões de desempregados na Alemanha é um número assustador em um país que já foi um dos principais motores da economia mundial. Hoje, as empresas alemãs estão transferindo postos de trabalho para o estrangeiro. O governo já começou a fazer uma reforma radical no mercado de trabalho. Esses e outros aspectos geram medo nos alemães que, temerosos do futuro, preferem economizar a gastar.
"A Alemanha se tornou um país em que muitos estão insatisfeitos e desempregados. Só que, quando eles têm um emprego, preferem trabalhar o menos possível". Com estas palavras, um jornalista holândes definiu a filosofia do povo alemão.
O que está acontecendo com a população do país?; questiona o psicólogo Bernd Bohn. O elevado índice de desemprego parece ter paralisado a Alemanha. Todas as pessoas conhecem pelo menos alguém que se encontra nesta situação. Isso gera uma insegurança muito grande. Ninguém mais se sente seguro e o pensamento "serei eu o próximo?" aflige a todos.
Exemplo alheio
A população dos países vizinhos enfrenta problemas similares mas, ao contrário dos alemães, está conseguindo superar melhor estas adversidades. Na década de 70, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, conhecida como a Dama de Ferro, impôs a flexibilidade para tirar o país do atraso econômico e tecnológico.
No final dos anos 80, foi a vez dos holandeses perceberem que era preciso mudar, tornar a sociedade mais flexível. Em outras palavras, um desempregado não poderia mais ter preconceito em aceitar um trabalho abaixo de sua qualificação profissional por um tempo determinado.
Mudança de mentalidade
Flexibilidade é o principal trunfo para superar os obstáculos do mercado de trabalho. Infelizmente é algo que os alemães não praticam, não faz parte de sua cultura. Neste sentido, é preciso que ocorra uma mudança de mentalidade, aposta Bohn.
"Nós nos definimos basicamente pelo nosso trabalho remunerado, que é a base de nossa existência material", esclareceu o psicólogo, acrescentando que, se houvesse uma mudança de postura, onde o trabalho remunerado não tivesse extrema prioridade, seria mais fácil descobrir alternativas, como o trabalho em grupo, voluntário e tarefas diversas. Por outro lado, a sociedade seria mais receptiva e valorizaria também estes tipos de atividades. Isto contribuiria de fato para uma mudança em relação ao desemprego.
Os dinamarqueses já passaram por este processo de mudança de mentalidade há dez anos. Durante a grave crise econômica, o mercado de trabalho se tornou extremamente flexível. No lugar da garantia de emprego foi implantado um seguro desemprego, um dos mais generosos da Europa. Ele assegura até 1800 euros por mês por um período máximo de quatro anos. Em contrapartida, as agências de emprego oferecem cursos e fazem muitas exigências ao desempregado para que ele retorne o mais rápido possível ao mercado de trabalho.